SÃO PAULO e BRASÍLIA (Reuters) - O atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixa nesta sexta-feira o cargo para enfrentar a difícil tarefa de se cacifar dentro do MDB como candidato à Presidência nas eleições deste ano.
Isso porque, além de o presidente Michel Temer dar declarações de que pode se candidatar, Meirelles ainda precisa conquistar espaço dentro da legenda. Não são poucos caciques do MDB que torcem o nariz para Meirelles, alguns preferem outro nome, mesmo em coligação com outro partido.
Mesmo assim, segundo fontes ouvidas pela Reuters, está certa a saída de Meirelles da Fazenda, dando lugar a seu atual secretário-executivo, Eduardo Guardia.
"Ele sai mesmo (da Fazenda). Já está tudo feito", afirmou nesta quinta-feira uma fonte do MDB que pediu anonimato. Dentro da Fazenda, o clima também é de despedida de Meirelles, segundo uma fonte da pasta.
O próprio ministro continua dizendo que nada mudou no seu entendimento e que na sexta-feira anuncia sua decisão.
Meirelles filiou-se ao MDB esta semana, mas se esquivou de falar se será cabeça de chapa do partido na disputa pelo Planalto. "Tenho um projeto de candidatura a presidente", admitiu Meirelles a jornalistas na ocasião.
"Agora, entrando no partido, vamos discutir os próximos passos e, evidentemente, qual é a melhor composição partidária visando a evitar que o Brasil volte a ter políticas populistas e políticas que levaram o Brasil à maior recessão da história", completou.
Até então, Meirelles estava no PSD, terceiro partido que chegou a fazer parte. Já havia sido do PMDB --hoje MDB--, partido ao qual se filiou no final do segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro partido ao qual se filiou foi o PSDB, no início dos anos 2000, legenda pela qual elegeu-se deputado federal por Goiás em 2002. Mas foi seduzido pelo desafio de assumir o Banco Central em 2003, num momento em que os mercados financeiros reagiam muito mal ao fato de Lula ter vencido as eleições, com o dólar acima de 3,50 reais. Meirelles abriu mão de assumir sua cadeira na Câmara e, claro, deixou de ser tucano.
Ao longo de sua trajetória, passou muitos anos no mundo corporativo, entrando na década de 1970 no BankBoston, onde construiu uma carreira bem-sucedida nos Estados Unidos. Mas só no início dos anos 2000 decidiu entrar na vida política de fato, voltando ao Brasil.
(Por Patrícia Duarte, em São Paulo, e Marcela Ayres, em Brasília)