Por Holger Hansen e Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fez um acordo com os rivais do Partido Social-Democrata (SPD) para iniciar conversas formais para formação de um governo de coalizão, aliviando meses de incertezas que prejudicaram o papel global da Alemanha e levantaram dúvidas sobre o futuro político de Merkel.
Mas o acordo para reviver uma “grande coalizão” que governou o país de 2013 até o ano passado precisa ser aprovado por membros do SPD em um congresso marcado para 21 de janeiro. Alguns temem que a nova coalizão com Merkel possa minar a influência do SPD, que teve na eleição de setembro seu pior resultado desde que a República Federal moderna foi fundada, em 1949.
“Nós sentimos que desde as eleições o mundo não irá aguardar por nós, e especialmente em relação à Europa estamos convencidos que precisamos de um novo chamado pela Europa”, disse Merkel, que desempenhou um papel central para conter crises sobre o euro e refugiados, a jornalistas após conversas que atravessaram a noite.
Um esboço de acordo 28 páginas promete cooperação próxima com a França para fortalecer a zona do euro. O esboço também contém uma promessa, aparentemente mirando a Arábia Saudita, grande compradora de armas alemãs, de não exportar armas para países envolvidos na guerra no Iêmen.
Enfraquecida por um retrocesso na eleição em setembro, Merkel recorreu ao SPD, inclinado à esquerda, para renovar sua grande coalizão após o colapso em novembro das negociações para uma coalizão de três vias com os Verdes e o Partido Democrático-Liberal.
A Alemanha não está acostumada às longas negociações que marcam a formação de coalizões em muitos países vizinhos. O domínio do SPD e dos conservadores por muito tempo garantiu uma transição suave de governo. Mas as eleições em setembro tiveram um crescimento do Alternativa para a Alemanha, de direita, que alterou o cenário.
Com o SPD, Merkel evita uma repetição da eleição ou ter de formar um governo de minoria.
“Haverá tarefas difíceis por vir”, disse Merkel. “As conversas de coalizão provavelmente não serão mais fáceis do que conversas exploratórias”.
Como maior economia da Europa e influente mediadora, a Alemanha é crucial para o futuro da UE. Parceiros de Berlim estão aguardando ansiosamente um novo governo para avançar com conversas sobre o Brexit, reforma da zona do euro e iniciativas diplomáticas da União Europeia.