Por Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - A oposição da Venezuela saudou nesta segunda-feira a vitória do político conservador Mauricio Macri no segundo turno da eleição presidencial da Argentina, na qual viu um golpe nos governos de esquerda da América Latina e um bom presságio para seu próprio duelo com o chavismo na votação parlamentar do mês que vem.
Macri, de 56 anos, derrotou o candidato governista Daniel Scioli por uma margem de menos de três pontos percentuais, uma rejeição à condução da economia e ao estilo de liderança da atual presidente, Cristina Kirchner.
O resultado foi uma decepção para os socialistas no governo venezuelano, que eram próximos de Cristina e de seu antecessor e marido, o falecido Nestor Kirchner.
Macri, por sua vez, defende a suspensão da Venezuela do Mercosul por supostos abusos de direitos cometidos pelo governo do mandatário do país vizinho, Nicolás Maduro.
"É evidente que a cláusula (democrática) do bloco deve ser invocada porque as acusações são claras e sem dúvidas não foram inventadas", disse Macri a repórteres.
"A Argentina, a Venezuela e a América Latina ganharam. A democracia e a liberdade ganharam", declarou Maria Corina Machado, ex-parlamentar e opositora ferrenha de Maduro e de seu falecido mentor, Hugo Chávez.
O setor opositor da Venezuela enfrenta o Partido Socialista Unido da Venezuela no dia 6 de dezembro em um pleito parlamentar no qual pode conquistar a maioria da Assembleia Nacional pela primeira vez em 15 anos.
A oposição vê a eleição iminente como o começo do fim do chavismo, embora o governo também preveja vitória e tenha alguma vantagem em certos colégios eleitorais e na sua capacidade de mobilização.
Pesquisas mostram a oposição na frente na preferência do eleitorado, principalmente devido à revolta com a economia: a maior inflação do mundo, recessão e escassez generalizada de produtos básicos.
"A sociedade argentina queria mudança e a conseguiu, democraticamente e em paz. Nós, venezuelanos, também o conseguiremos!", declarou Ramón Muchacho, prefeito opositor de Caracas.
Alguns líderes opositores enfatizaram como Scioli aceitou a derrota rápida e elegantemente.
"Espero que a senhorita Lucena veja como eleições são realizadas. Acesso à informação!", afirmou Henrique Capriles, que denunciou em vão uma fraude na eleição presidencial de 2013, que perdeu para Maduro por pouco, referindo-se a Tibisay Lucena, presidenta do Conselho Nacional Eleitoral de seu país.