(Reuters) - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse em vídeo gravado na Bahia, onde faz campanha neste sábado, que seus adversários querem que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, vença a eleição já no primeiro turno marcado para o domingo sem ter de debater, pois acreditam que se o ex-capitão for obrigado a ir a debates ele derrete.
Ao lado do governador da Bahia, o petista Rui Costa, em Feira de Santana, Haddad também voltou a dizer que tem sido alvo de mentiras divulgadas em redes sociais, principalmente pelo WhatsApp, e atribuiu essa estratégia ao "desespero" dos rivais que temem um embate dele com Bolsonaro no segundo turno.
"Muita mentira na internet, sobretudo no WhatsApp. Toma cuidado com as mensagens que você está recebendo. O outro lado está um pouco desesperado, porque eles acham que se o Bolsonaro for obrigado a debater, ele pode derreter. Então eles querem que o Bolsonaro ganhe sem ter que debater, isso é ruim para a democracia", disse Haddad, ao lado do governador no vídeo gravado em um ônibus a caminho de um evento de campanha na cidade baiana.
O petista, que decidiu fechar a campanha na véspera da votação no Nordeste para tentar conter o crescimento de Bolsonaro na região e ganhar terreno no que é tradicionalmente um reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril em Curitiba (PR) e que é padrinho político de Haddad.
O candidato do PT, no vídeo, também citou Deus e buscou rebater boatos que o ligam à propostas que incluiriam a doutrinação de valores sobre as crianças nas escolas.
"Eu queria dizer para você: eu sou casado há 30 anos, com a mesma esposa, sou neto de um líder religioso muito importante, que veio do Líbano para o Brasil e que está hoje enterrado numa igreja cristã, lá de São Paulo. Não entra nessa onda, não decide teu voto com base em boato", disse Haddad, afirmando ainda que a educação de valores é responsabilidade dos pais e que a escola "complementa" ensinando ciência às crianças.
Rui Costa, por sua vez, afirmou que o Nordeste precisa de um presidente da República que ame a região e, assim como Haddad, elencou realizações de governos petistas na Bahia e em Feira de Santana.
Um dia depois de Bolsonaro, também em vídeo nas redes sociais, reiterar um apelo pelo voto útil para que ele vença a eleição já no domingo e afaste a possibilidade de volta do PT ao poder, Haddad pregou no sentido oposto, afirmando que uma nova rodada de votação permitirá a discussão de dois projetos para o país.
"Se o povo e Deus nos permitirem ir para o segundo turno, com todo o respeito aos demais candidatos, se isso acontecer, o Brasil vai ter oportunidade de comparar dois projetos: um projeto que incluiu e defendeu direitos, e um projeto que só fala em cortar. É cortar décimo terceiro, é cortar férias, é cortar Bolsa Família", afirmou o petista.
Bolsonaro foi alvo de uma facada no dia 6 de setembro e ficou hospitalizado por 23 dias, período em que passou por duas cirurgias de emergência. Ele participou de apenas dois debates antes de sofrer o ataque, ambos sem a presença de Haddad, que ainda não havia sido oficializado como candidato do PT ao Planalto.
O ex-capitão não compareceu aos dois debates realizados após receber alta hospitalar, e que tiveram a presença de Haddad, alegando seguir recomendações médicas. Ele, no entanto, tem feito transmissões diárias em suas redes sociais e na quinta-feira deu uma entrevista à TV Record simultânea ao debate realizado pela TV Globo.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)