BRASÍLIA (Reuters) - O ex-ministro Antonio Palocci acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de comandar o esquema de recebimento do propinas da empreiteira Odebrecht, incluindo a compra de um terreno para o Instituto Lula, o sítio de Atibaia e um pacote de 300 milhões de reais para serem usados ao longo do governo de Dilma Rousseff, disseram nessa quarta-feira os advogados do ex-ministro.
Palocci depôs por duas horas no processo em que Lula é investigado por supostamente ter negociado o recebimento de um terreno em São Paulo para seu instituto com a Odebrecht.
"Foi um pacto de sangue e um pacote de propinas que incluiu o pagamento de um imóvel, um sítio e 300 milhões de reais que paulatinamente foram disponibilizados de acordo com aquela planilha entregue pela empreiteira", disse o advogado Adriano Bretas, contratado por Palocci para negociar um acordo de delação premiada.
Segundo Bretas, havia um colegiado formado pelo próprio Palocci, Paulo Okamotto, José Carlos Bumlai, o advogado Roberto Teixeira e comandado por Lula que fechou esse acordo com a Odebrecht. A compra do terreno, no entanto, teria sido cancelada mais tarde porque em um jantar na casa de Lula o ex-ministro teria convencido os demais que a situação era "escandalosa" e poderia expor demais o grupo.
Segundo Tracy Reinaldet, outro advogado de Palocci, o acordo foi feito na transição entre o segundo governo de Lula e o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Haveria um temor na empresa de que a relação com Dilma não fosse a mesma que havia no governo Lula.
"Para comprar a boa vontade do novo governo, sobretudo pela influência do presidente Lula sobre a presidente Dilma, a empresa Odebrecht, por intermédio de Emílio Odebrecht, propõe a Lula um pacote de vantagens indevidas composto pela compra do terreno, do sítio em Atibaia e pela disponibilização de 300 milhões para serem usados em campanhas ou fins pessoais para continuar mantendo a relação fluída", disse Tracy.
(Por Lisandra Paraguassu)