ESTRASBURGO (Reuters) - O Parlamento Europeu apoiou os cortes de emissões poluentes dos Estados da União Europeia nesta quarta-feira para dividir o fardo das metas climáticas do Acordo de Paris assumidas pelo bloco e seguir adiante, apesar da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar seu país do pacto de 195 nações.
Foram 534 votos a favor e 88 contra metas nacionais obrigatórias para o corte de emissões de gases do efeito estufa em setores como transporte, agricultura e gerenciamento de detritos, com o objetivo de cumprir a meta geral do bloco, de reduzir as emissões em ao menos 40 por cento abaixo dos níveis de 1990 até 2030.
Falando no plenário antes da votação, políticos da UE reiteraram a decepção com a decisão de Trump e rejeitaram seu pedido para renegociar o que classificou como os custos econômicos "draconianos" do acordo, que estes prometeram implantar sem Washington.
"A recusa dos EUA em se comprometerem com o acordo de Paris irá levar o resto do mundo a ser ainda mais unido contra a mudança climática", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ao Parlamento.
Durante meses de conversas duras, os deputados buscaram um meio-termo entre medidas climáticas ambiciosas e preocupações de alguns dos 28 países-membros da UE com a pressão econômica da mudança exigida para tecnologias de baixa emissão de carbono em setores que geram muitos empregos.
Ambientalistas elogiaram o apelo do projeto de lei por um ponto de partida mais ambicioso para o cálculo das metas de redução de emissões do que a proposta pela Comissão Europeia, o braço executivo da UE.
Mas o Parlamento votou contra uma proposta de diminuição da quantidade de créditos para florestas bem administradas, que absorvem dióxido de carbono e que podem ser usadas para contrabalançar as emissões. A proposta também incluía medidas de apoio a países-membros da UE de renda menor.
"A votação de hoje emite um sinal claro a Donald Trump: a Europa cumpre seus compromissos no acordo de Paris e aproveita as oportunidades de crescimento verde, com ou sem você", disse Gerben-Jan Gerbrandy, deputado holandês que patrocinou o projeto de lei na câmara.
A legislação ainda precisa do apoio de governos do bloco antes de se tornar lei, um processo longo que pode demorar até dois anos.
A UE, a terceira maior emissora de poluentes do mundo, prometeu se aliar à China, a maior poluidora do planeta, e defender o objetivo do pacto parisiense de limitar o aquecimento global a "bem menos" de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
(Por Alastair Macdonald, em Estrasburgo, e Alissa de Carbonnel, Charlotte Steenackers e Philip Blenkinsop, em Bruxelas)