Por Gavin Jones e Crispian Balmer
ROMA (Reuters) - O presidente da Itália, Sergio Mattarella, pediu nesta segunda-feira para partidos italianos em disputa se reunirem atrás de um “governo neutro”, dizendo que a única alternativa será uma rápida nova votação após a eleição inconclusiva de março.
No entanto, os dois maiores partidos da Itália, a Liga, da extrema-direita, e o Movimento 5 Estrelas, anti-establishment, rapidamente se posicionaram contra a proposta, aumentando a probabilidade de um retorno imediato sem precedentes às urnas, talvez até julho.
A Itália está presa em um limbo político desde a eleição de 4 de março, que teve o 5 Estrelas surgindo como o maior grupo único, embora uma aliança de partidos de direita, incluindo o anti-imigração Liga, tenha conquistado a maioria dos assentos.
No entanto, ambos não conseguiram uma maioria absoluta e, após uma terceira rodada de consultas com todos os principais líderes partidários, Mattarella reconheceu nesta segunda-feira que não há espaço para um acordo de coalizão na terceira maior economia da zona do euro.
Ele pediu para políticos se reunirem em torno de um governo “neutro”, que ele irá nomear nesta semana.
Se conseguir apoio parlamentar, o governo irá elaborar um orçamento para 2019 para evitar a ameaça de um aumento automático em taxas de vendas que podem ser acionadas. O governo então renunciaria em dezembro para abrir caminho para eleições no primeiro semestre – quando todas as eleições pós-guerra foram realizadas na Itália.
“Deixe que os partidos decidam por conta própria se devem dar poderes completos para um governo... ou novas eleições (devem ser realizadas) imediatamente no mês de julho”, disse Mattarella em discurso televisionado.
Tanto a Liga quanto o 5 Estrelas, que possuem assentos suficientes no Parlamento para impedir que qualquer governo vença moções de confiança necessárias para assumir, rejeitam a formação de um governo não-partidário.
“Nós não temos fé em um ‘governo neutro’, que é sinônimo de um governo de tecnocratas. Nós vamos votar em julho”, escreveu o chefe do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, no Twitter.
O líder da Liga, Matteo Salvini, ecoou o sentimento: “Não há tempo a perder, não há espaço para governo tecnocrata”.