Por Deisy Buitrago
CARACAS (Reuters) - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou Donald Trump como "o novo Hitler", depois que o presidente dos EUA disse que Washington poderia tomar medidas adicionais contra o país sul-americano para restaurar a democracia.
Em um jantar na segunda-feira com presidentes da região antes da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, Trump disse que quer uma rápida "restauração" da democracia no país produtor de petróleo, que, segundo ele, está desmoronando.
"Podemos classificar (a declaração de Trump) como a agressão do novo Hitler da política internacional", disse Maduro durante um discurso em uma manifestação política.
"A supremacia racial, a supremacia imperial, foi expressada hoje pelo magnata que pensa que é dono do mundo, mas ninguém ameaça a Venezuela", afirmou ele a centenas de simpatizantes. "Que Donald Trump engula suas palavras. Ele vai passar na história e a revolução bolivariana continuará aqui", disse ele.
A oposição e vários países da região têm pedido a Maduro que liberte centenas de "prisioneiros políticos", que respeite os poderes do Parlamento dominado pela oposição e convoque eleições presidenciais no país, que está sofrendo uma grave crise econômica.
O presidente socialista de 54 anos rebateu que na Venezuela não há "ditadura" e que a crise é consequência de uma "guerra econômica" liderada por seus adversários políticos.
Mais cedo, em um comunicado, a Venezuela argumentou que Trump tem uma "obsessão fatal" com o país e o acusou de exortar os líderes latino-americanos a fazerem uma campanha contra Maduro.
Enquanto Washington impôs sanções financeiras à Venezuela e Trump pediu medidas mais duras, os líderes latino-americanos se apegaram a sanções diplomáticas e descartaram o uso da força, uma opção que o republicano mencionou.
COLÔMBIA
A Venezuela, que sofre com uma inflação de três dígitos, escassez de comida e medicamentos, também questionou as declarações feitas pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, durante uma reunião com Trump e outros líderes latino-americanos, classificada por Maduro como "a ceia de Judas".
"É vergonhoso e detestável que o presidente Santos, tentando impedir uma sanção do governo dos EUA pelo aumento excessivo da produção de cocaína, recorra à tática de projetar a Venezuela como fator de desestabilização", afirmou o Ministério das Relações Exteriores.
Santos tornou-se muito crítico a Maduro e alinhado com a posição de Washington, que impôs sanções a Caracas para deter o que considera uma "ditadura".
"Nos dói a destruição gradual de sua democracia", disse Santos em um discurso na ONU. "Nós dói a perseguição à oposição política e a violação sistemática dos direitos dos venezuelanos."
"Hoje, reitero o meu apelo ao secretário-geral e a toda a comunidade internacional para apoiar o povo venezuelano na busca de uma solução pacífica que os retome no caminho do progresso, da democracia e da liberdade", acrescentou.