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Presidente do Bradesco inaugura Conselhão comparando país a carro com farol voltado à ré

Publicado 28.01.2016, 16:24
© Reuters.  Presidente do Bradesco inaugura Conselhão comparando país a carro com farol voltado à ré
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Por Lisandra Paraguassu e Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, foi retomado nesta quinta-feira já debaixo de críticas ao governo, com o primeiro conselheiro a falar, o presidente-executivo do Bradesco (SA:BBDC4), Luiz Carlos Trabuco, comparando o país a "um carro que anda com os faróis voltados à ré".

O executivo defendeu ainda que a meta de inflação e a responsabilidade fiscal devem ser pilares para a retomada do crescimento econômico, em meio a um cenário de alta dos preços e desequilíbrio das contas públicas.

"Acredito que muitas coisas boas estão aí para dar início a essa retomada. Por exemplo, a convicção de que a base constituída pelas metas de inflação, câmbio, responsabilidade fiscal são os pilares necessários para gerar o crescimento posterior", disse Trabuco, após afirmar que a angústia comum do Brasil hoje é tirar o país da recessão.

"Para a retomada do caminho do futuro é preciso acabar com a crença de que é possível, de forma permanente, dirigir um carro que avança na noite com os faróis voltados à ré. Precisamos avançar", disse.

Formado por empresários e representantes dos trabalhadores –incluindo as principais centrais sindicais– e da sociedade civil, como o escritor Fernando Morais, o Conselhão, que não se reunia desde julho de 2014, foi chamado pelo governo com a intenção de discutir meios para reaquecer a economia e tirar o país da crise. Já na chegada, no entanto, os participantes indicaram que um consenso não será fácil.

Enquanto o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, cobrava que o país precisa de reformas "mais profundas", como a da Previdência e a trabalhista, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas, disse temer justamente que o governo resolva compensar a falta da CPMF, caso não consiga aprová-la, com essas reformas.

Questionado se era o momento de aumentar o crédito no país, Andrade respondeu que é sempre importante, mas que o país precisa de outras medidas, "mais eficazes".

"Precisa de reformas contundentes, da questão da Previdência, a questão trabalhista, tributária, uma reforma administrativa", afirmou Andrade.

"Essas reformas que vão dar sustentabilidade para uma política de longo prazo. Trabalhar em políticas micro que atuem rapidamente para levantar o consumo, melhore a situação de emprego, a atividade empresarial, eu acho importante também", afirmou.

Já o presidente da CUT disse esperar que, ao chamar um grupo "seleto", que o governo realmente tenha intenção de discutir os rumos do país. Mas, ao analisar as perspectivas do governo para fazer frente à falta de recursos, disse "esperar que o governo não busque como alternativa mudanças na Previdência que afetem os direitos dos trabalhadores".

Primeiro conselheiro a discursar –e o único que teve sua fala parcialmente aberta para a imprensa– o presidente do Bradesco sintetizou as contradições do Conselho.

"Todos somos perdedores, pois na recessão todo mundo perde. Provavelmente, cada um de nós tem uma pauta própria de como sair do imobilismo. Diferente da aparência geral, acredito que dentre as pautas de cada um, certamente haverá pontos, detalhes e intenções que nos unem para a construção de uma pauta de convergência", disse.

O presidente da CUT, o terceiro a falar, reiterou a intenção de que o conselho chegue a um consenso. "Nem um lado sozinho resolve os problemas do país. Aqui estão os representantes dos setores que podem fazer a mudança", disse, em uma frase publicada pela conta no Twitter do Conselhão.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, responsável pela reorganização do Conselhão, fez o discurso de abertura e afirmou que o Conselhão não pretende substituir o Congresso Nacional, que faz as leis, mas que é necessária essa interlocução direta com a sociedade.

"Não substituímos quem tem a legitimidade de fazer as leis, que é o Congresso. Mas as democracias mais modernas funcionam assim", disse, citando o Conselho de Desenvolvimento francês.

(Reportagem adicional Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy)

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