MADRI (Reuters) - A Espanha encerrou um impasse político de dez meses neste sábado, quando parlamentares concordaram em conceder ao líder conservador Mariano Rajoy um segundo mandato como primeiro-ministro.
Depois de duas eleições inconclusivas e infrutíferas tentativas de coalizão com partidos pequenos, Rajoy agora formará o primeiro governo em pleno funcionamento desde dezembro, embora com o mandato mais fraco da história da Espanha moderna.
Sem uma maioria no fragmentado parlamento espanhol, a administração de Rajoy terá que negociar pactos com adversários se quiser chegar ao fim do seu mandato de quatro anos e passar leis, começando com o orçamento para o próximo ano.
"Sobrevivemos mais de 300 dias com um governo interino, mas não sobreviveremos a um governo que não consegue governar pela falta de apoio ou que enfrenta muitos obstáculos", disse Rajoy aos parlamentares, fazendo um apelo para que ajudem a proteger a recuperação econômica da Espanha.
"Não estou pedindo a lua", afirmou.
Os adversários de Rajoy até agora não garantiram nenhum tipo de estabilidade política, embora a ameaça de outra eleição, que seria provavelmente vencida pelo Partido do Povo (PP) novamente, possa lhe dar algum espaço para respirar.
Após governar como primeiro-ministro interino desde dezembro, Rajoy venceu um voto de confiança do parlamento neste sábado após dúzias de parlamentares do partido adversário de longa data, o Socialista, terem optado pela abstenção na votação.
Rajoy disse que deve nomear um novo gabinete na quinta-feira.
O voto de confiança foi uma vitória pessoal para Rajoy, de 61 anos, e confirmou sua reputação de ser um sobrevivente na política.
Depois de vencer a eleição de 2011, Rajoy cortou gastos públicos para enfrentar o crescimento do déficit enquanto a Espanha passava por uma profunda repressão, com o desemprego subindo para 27 por cento. O PP de Rajoy também foi afetado por uma série de escândalos de corrupção.
Os eleitores puniram o PP mesmo com a posterior recuperação da economia, retirando-lhe a maioria absoluta. Mas ele ainda teve mais votos nas eleições de dezembro e junho, e Rajoy resistiu aos pedidos de renúncia dos adversários.
OPOSIÇÃO
Rajoy adotou um tom conciliador nesta semana, oferecendo trabalhar com adversários em questões como pensões e reforma da educação e abrindo a porta para mais diálogo com a Catalunha, região no nordeste do país que tem um forte movimento pela independência.
Mas muitos na Espanha estão céticos sobre o que o governo pode executar com apenas 137 assentos dos 350 do parlamento.
(Por Inmaculada Sanz e Sarah White)
((Tradução Redação Brasília, 5561 3426-7021)) REUTERS MA