Por Lizbeth Diaz
TIJUANA, México (Reuters) - Centenas de mexicanos que moram no Estado norte-americano da Califórnia dirigiram durante horas no domingo para votarem ao sul da fronteira em Andrés Manuel López Obrador para presidente, convencidos por suas promessas de confrontar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e acabar com a corrupção e a violência no México.
López Obrador venceu a eleição com uma ampla vantagem, abrindo caminho para o governo mais de esquerda na história democrática do México, em um momento de relações tensas com o governo dos EUA. [nL1N1TY0BR]
Fazendo fila sob o sol quente nas zonas eleitorais de Tijuana, muitos eleitores mexicanos que haviam cruzado a fronteira da Califórnia disseram à Reuters que confiam mais em López Obrador para proteger os cerca de 12 milhões de compatriotas que vivem nos EUA.
"Este homem é o único que pode fazer Trump parar com sua perseguição e racismo contra os mexicanos", disse Luis Evans, de 58 anos, que dirigiu de Los Angeles até uma zona eleitoral a cerca de 1,6 quilômetro da divisa.
"Se não houver uma mudança no México com Andrés Manuel, que Deus nos ajude".
López Obrador prometeu não deixar o México se tornar uma "pinhata" golpeada pelos EUA, e rejeita os planos de Trump de erguer um muro na fronteira. Ele também adotou um discurso nacionalista nos planos para revigorar a economia.
Trump acusou o México de enviar criminosos e estupradores aos EUA, e é quase universalmente rejeitado no país vizinho.
Josefina Serrano, de 44 anos, que viajou oito horas em um ônibus organizado por eleitores que saiu de Sacramento, disse ter votado em López Obrador por estar cansada da corrupção e da violência no México, e também por uma atitude antimexicana nos EUA.
"Vim porque quero que as coisas mudem, e para calar até mesmo o presidente Trump", disse. "Quando mora nos EUA você é questionado por ser mexicano -- não só por Trump, mas por todos. Pensam que somos todos corruptos".
Mais de 181 mil pessoas do exterior se registraram para votar, três vezes mais do que na última eleição, graças a uma nova diretriz que permite inscrições em consulados locais.