BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse nesta quarta-feira que espera que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não aumente o protecionismo comercial quando assumir o governo.
Ao ser questionado em entrevista coletiva se teme aumento do protecionismo nos EUA, Serra respondeu: “Eu espero que não aconteça. De verdade, sinceramente. Porque uma coisa, como eu disse, é o treino, e outra é o jogo. Nunca o treino é igual o jogo. Esperamos que o jogo seja melhor que o treino.”
Serra afirmou ainda que instruiu o embaixador brasileiro em Washington a buscar conversas com a equipe de transição de Trump, e que será importante ver como o presidente eleito montará seu governo para conduzir as políticas comercial e econômica.
A avaliação de que o republicano não tinha chances de vencer a eleição levou Serra a criticar abertamente Trump e desconsiderar sua possível eleição.
Em junho deste ano, o chanceler havia dito, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que Trump não podia ser eleito. Um mês depois, falando ao jornal Correio Braziliense, considerou a escolha do republicano como um "pesadelo".
"Eu considero a hipótese do Trump um pesadelo. Pesadelos, às vezes, se materializam? Se materializam, mas eu prefiro não pensar nisso, fazer o jogo do contente", disse, acrescentando que torcer por Hillary, tratava-se de "ser sensato, torcer para o bem do mundo".
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, após a China, e o governo está tentando impulsionar o comércio para ajudar a tirar o país da recessão.
Em comunicado, o Itamaraty destacou os laços antigos com os EUA e disse que deseja dinamizar a agenda de cooperação, trabalhando com o governo Trump a partir de sua posse, em janeiro de 2017.
"Estamos prontos também a incrementar o diálogo e a cooperação com os Estados Unidos sobre as questões globais, tanto bilateralmente quanto nos foros internacionais", disse o ministério.
No Palácio do Planalto, a ordem é seguir em frente e trabalhar com o que se tem. Imediatamente após saber o resultado da eleição norte-americana, o presidente Michel Temer iniciou o trabalho de mostrar que o Brasil não tem oficialmente preferências.
(Por Silvio Cascione; com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)