BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira que uma eventual terceira denúncia contra ele seria ainda mais "pífia" que as anteriores, rejeitadas pelo Congresso, e não teria chance de prosperar.
Em uma longa entrevista à Empresa Brasileira de Comunicação, rede de rádios e tevê estatal, Temer disse que as conversas sobre uma terceira denúncia a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República com base no chamado inquérito dos portos são apenas uma campanha para tentar enfraquecer o governo.
"É uma mera hipótese. É uma campanha oposicionista para tentar desvalorizar o governo. Ela não tem a menor possibilidade de prosperar, eu diria que é mais pífia, de menor dimensão até do que as denúncias anteriores", garantiu.
Temer é investigado pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição de decreto para prorrogar os contratos de concessão e arrendamento portuários, que teria beneficiado a empresa Rodrimar, que teria feito pagamentos ao MDB em troca do decreto, de acordo com as investigações. O presidente nega que o decreto tenha beneficiado a Rodrimar e que tenha recebido pagamentos da empresa.
"Não tenho nenhuma preocupação. Há apenas uma campanha deliberada para dizer 'ah, pode vir uma terceira denúncia'. Isso é para tentar enfraquecer o governo. Se nós resistimos até hoje, imagine se não podemos resistir mais quatro, cinco, seis meses", disse.
O presidente foi perguntado ainda sobre o vazamento de informações no inquérito em que é investigado. Tramitando no Supremo Tribunal Federal, o inquérito está sob sigilo.
Temer reclamou, como já fez em outras ocasiões, que sua defesa pede acesso aos autos, e é negado por causa do sigilo das investigações, mas que depois vê informações sigilosas publicadas nos jornais, e criticou a Polícia Federal.
"A PF não pode intervir nos processos por meio de vazamentos. Vazamentos em processos sigilosos não podem acontecer, na PF ou em qualquer outro setor", disse.
ELEIÇÕES
Temer voltou a dizer que não tomou ainda uma decisão sobre ser ou não candidato à reeleição, e que tem até julho para isso. Perguntado se a má reação a sua tentativa de visitar o local do desabamento em São Paulo o levaria a reconsiderar a ideia de reeleição, Temer negou.
"Não seria esse fato que me faria desistir de reeleição. Eu posso não ir para reeleição na medida em que eu comece a perceber o seguinte: você tem muito candidatos... no chamado centro tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil", disse.
Temer tem repetido que só irá decidir se será ou não candidato à reeleição em julho, no limite para as convenções partidárias. Enquanto isso, o MDB também trabalha com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, como possível candidato do partido.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)