(Reuters) - O presidente Michel Temer classificou o chamado inquérito dos portos, no qual é investigado se cometeu crimes na edição de um decreto ano passado que mudou regras portuárias, como um "processo kafkiano".
"Você já leu um livro do Franz Kafka, chamado 'O Processo'? Você vai verificar o que é um processo kafkiano", disse Temer, em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira.
"Porque esse é um caso extraordinariamente, digamos assim, inadequado. É um processo que começa sem saber por que, prossegue sem saber por que e certamente vai terminar sem saber por que", acrescentou, referindo-se à investigação da qual é alvo.
Pouco antes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso havia prorrogado o inquérito por 60 dias, acatando pedido da Polícia Federal. [nL1N1SE1S4]
Temer disse que respeita o Ministério Público, mas critica membros da instituição que agem politicamente.
Ao ser questionado se receia ter o mesmo destino do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), Temer negou.
"Eu não temo não, não temo, acho que seria uma indignidade, lamento estarmos falando sobre isso", respondeu o presidente.
Sobre a prisão de Lula, se seria correta ou não e se o petista seria ou não um preso político, Temer preferiu não opinar, dizendo que para isso precisa examinar os autos do processo.
Lula está preso desde 7 de abril, cumprindo pena de 12 anos e 1 mês. O petista nega ter cometido qualquer crime ou ilegalidade e diz ser alvo de uma perseguição política promovida por setores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e da imprensa para impedi-lo de ser candidato.
(Por Alexandre Caverni)