Por Linda Sieg e Hyonhee Shin
TÓQUIO/SEUL (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores japonês disse nesta quarta-feira que pessoalmente lamenta a saída do "franco e confiável" secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, antes de uma cúpula planejada entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
Trump demitiu Tillerson na terça-feira após uma série de desavenças públicas relativas à política para a Coreia do Norte e outras questões, substituindo-o pelo diretor da CIA, Mike Pompeo, visto como leal ao presidente.
"Ele (Tillerson) era uma contraparte franca e confiável e eu achava que ele lidaria com a questão da Coreia do Norte, mas pessoalmente sinto que esta situação que se desenvolveu é lamentável", disse o chanceler do Japão, Taro Kono, a repórteres em Tóquio.
"Certamente os Estados Unidos ditam as regras, então quero me encontrar com seu sucessor como secretário de Estado logo e trocar ideias sobre a Coreia do Norte e outras questões", acrescentou.
Alguns críticos ficaram surpresos com a decisão de trocar diplomatas de alto escalão tão perto do esperado encontro inédito entre Kim e Trump, e temem que Pompeo incentive Trump a endurecer sua postura com Pyongyang.
A chanceler sul-coreana, Kang Kyung-wha, decidiu manter uma viagem planejada a Washington para debater a Coreia do Norte apesar da saída de Tillerson, informou a chancelaria em uma mensagem de texto -- mais cedo uma autoridade havia dito que ela cancelaria a visita.
Outras autoridades da Coreia do Sul, falando sob condição de anonimato, disseram que, embora Pompeo seja conhecido por suas opiniões duras a respeito da Coreia do Norte, é um político experiente e parece saber fazer concessões.
"Estamos cientes de que Pompeo foi uma das vozes mais fortes nas conversas sobre uma ação militar e que transmitiu a Trump avaliações semelhantes, mas as coisas mudaram muito desde então", disse um funcionário graduado, referindo-se às conversas intercoreanas futuras e à perspectiva da reunião entre Kim e Trump. "Então veremos".
O porta-voz da chancelaria chinesa, Lu Kang, disse que seu país espera que a troca de pessoal não afete o desenvolvimento das relações e áreas importantes de cooperação.
"Nós, é claro, esperamos que o ímpeto positivo na península coreana, inclusive a vontade política para conversas dos Estados Unidos e da Coreia do Norte, seja mantido", disse Lu em um boletim diário à imprensa.
(Reportagem adicional de Colin Packham, em Sydney; Elaine Lies e Ayai Tomisawa, em Tóquio; Josh Smith e Christine Kim, em Seul; e Christian Shepherd, em Pequim)