Por Vivian Sequera e Alexandra Ulmer
CARACAS (Reuters) - A Venezuela vai realizar eleição presidencial até o fim de abril, disse o órgão legislativo pró-governo nesta terça-feira, e o presidente Nicolás Maduro é o favorito para vencer a oposição, apesar da crise econômica e sanções estrangeiras.
O impopular líder socialista, cujos inimigos chamam de ditador que destruiu a economia do país membro da Opep, disse que buscará a reeleição se o Partido Socialista quiser, ainda que os venezuelanos estejam vivendo em meio a prateleiras vazias e a mais rápida inflação do mundo.
"Estou pronto para ser um candidato", afirmou ele a repórteres.
O ex-líder sindical de 55 anos, que sucedeu Hugo Chávez em 2013, se beneficia de um formidável maquinário político, uma comissão eleitoral nacional complacente e um núcleo duro de apoio de venezuelanos pobres dependentes de distribuição de alimentos pelo Estado.
"Nós só temos um candidato", disse o número 2 do Partido Socialista, Diosdado Cabello, ao parlamento da Assembleia Constituinte em uma óbvia referência a Maduro.
Críticos, desde políticos da oposição a potências ocidentais, duvidam que as autoridades irão permitir uma votação livre e justa, dada a proibição a algumas figuras da oposição de concorrer somado ao abuso de recursos públicos em campanhas.
Alguns temem uma fraude completa.
"Isso não é eleição, é uma ocupação militar com uma comissão eleitoral fraudulenta", disse a ativista da oposição Maria Corina Machado, referindo-se ao grande papel das forças armadas no governo e da postura pró-Maduro da comissão no passado.
A Assembleia Constituinte disse que a nova eleição na Venezuela é mais uma evidência de suas credenciais democráticas apesar de uma recente série de sanções internacionais.
Questionado sobre o plano de Maduro de concorrer à reeleição, o Departamento de Estado norte-americano disse não considerar uma boa ideia para os venezuelanos.
Estados Unidos, Canadá e União Europeia tomaram medidas contra o governo da Venezuela por alegações de abuso de direitos e corrupção, abalando a imagem do governo e afastando bancos de trabalhar com Caracas.
"Se o mundo quer aplicar sanções, nós aplicaremos eleições", acrescentou Cabello, que havia sido visto por alguns como um possível rival a Maduro para a Presidência.
O Grupo de Lima rejeitou a decisão da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela de convocar eleições presidenciais e afirmou, ao final de uma reunião em Santiago, que, sob as condições atuais, as eleições carecem de legitimidade.
"Esta situação impossibilita a realização de eleições presidenciais democráticas, transparentes e críveis", disse o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, ao ler uma declaração aprovada pelos chanceleres, vice-chanceleres e representantes de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lucía.
Caso a votação seja compreendida como fraudulenta, mais sanções internacionais poderão ocorrer, inclusive do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que fez da oposição a Maduro um importante aspecto de sua política externa.
Mais medidas econômicas, no entanto, piorariam uma recessão que está agora em seu quinto ano em meio à má nutrição, doenças e imigração a vizinhos latino-americanos.
(Reportagem adicional de Brian Ellsworth, Eyanir Chinea, Corina Pons e Andreina Aponte)