Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - Os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS (SA:JBSS3), tornaram-se réus nesta segunda-feira sob acusação de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado, após o juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Federal de São Paulo, aceitar denúncia feita contra ambos pelo Ministério Público Federal (MPF), informou a Justiça Federal paulista.
Joesley e Wesley são acusados pelos procuradores de terem usado a informação sobre a delação premiada que firmaram com a Procuradoria-Geral da República para obterem ganhos nos mercados financeiros. Os dois estão presos por causa deste caso.
"Considero, assim, existirem suficientes indícios de autoria em relação a cada um dos imputados, havendo, portanto, justa causa para o prosseguimento da persecução penal", afirmou o magistrado.
Na decisão, o juiz afirmou que Joesley era presidente da holding J&F e da FB Participações, controladora da JBS, à época dos supostos crimes e que, segundo os procuradores, determinou no exercício dessas funções a venda de parte das ações da JBS detidas pela controladora no valor de 373,9 milhões de reais.
Wesley, por sua vez, na presidência da JBS à época dos supostos crimes, determinou a recompra de ações da empresa e operações no mercado de câmbio.
De acordo com a denúncia, essas operações determinadas por Joesley e Wesley posicionaram ambos no mercado financeiro para a divulgação da delação firmada por ambos e por executivos da J&F. Nesses acordos, foram feitas acusações contra o presidente Michel Temer e outras autoridades e figuras políticas.
As informações vieram à tona em meados de maio, levando a um forte recuo dos preços de ativos brasileiros.
Segundo o MPF, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apurou que os irmãos Batista tiveram lucro de 100 milhões de reais com a compra de dólares.
Em nota, o advogado Pierpaolo Bottini, que representa Wesley e Joesley, afirmou que apresentará documentos que comprovam que ambos não cometeram ilegalidades.
"A defesa dos irmãos Batista reitera que confia na Justiça e voltará a apresentar relatórios técnicos que demonstram a normalidade de todas as operações financeiras efetuadas, que afastam por completo qualquer dúvida sobre a licitude de sua conduta", afirma a nota.
Procurada, a J&F não comentou de imediato.