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Brasil e China celebram 50 anos de relações bilaterais

Publicado 15.08.2024, 05:58
Brasil e China celebram 50 anos de relações bilaterais

O Brasil e a China comemoram nesta 5ª feira (15.ago.2024) 50 anos desde o estabelecimento de relações diplomáticas. Os países abriram suas respectivas embaixadas em 1974 em Pequim e em Brasília. Os vínculos estavam suspensos desde 1949, quando foram interrompidos pela criação da República Popular da China.

Foi o então general e presidente Ernesto Geisel que retomou os laços com os chineses, à época governados interinamente por Dong Biwu (1972-1975).

As relações da China com o mundo foram retomadas depois da visita do então presidente dos EUA Richard Nixon (1969-1974) em 1972. Ele se reuniu com Mao Tsé-Tung e a viagem marcou a aproximação entre os 2 países no momento em que os chineses se afastavam da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

A 1ª visita de um presidente brasileiro à China se deu 12 anos depois, em 1984, quando o general e presidente João Figueiredo (1979-1885) foi a Pequim. No mesmo ano, o conselheiro de Estado e chanceler chinês Wu Xueqian e o embaixador brasileiro Ítalo Zappa assinaram o Acordo para a Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, também na capital chinesa.

O Brasil declarou apoio à entrada da China na OMC (Organização Mundial do Comércio) em 1995, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O país e a organização finalizaram o acordo de adesão só em 2001, quando foi assinado o Protocolo de Adesão da China. O documento estabeleceu um prazo de 15 anos para que o país se adaptasse às exigências. A China passou a ser considerada uma economia de mercado em 2016, com o fim da validade do protocolo.

Ao longo da década de 1990 houve diversas visitas bilaterais, tanto de autoridades brasileiras a Pequim quanto de autoridades chinesas a Brasília. Em 2000, a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o país asiático pela 1ª vez em 2004, durante o seu 1º mandato. A viagem resultou na criação da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), que tem como objetivo incentivar as relações bilaterais. O então presidente chinês Hu Jintao também veio ao Brasil no mesmo ano.

A 1ª reunião da Cosban foi realizada em 2006, presidida pelo então vice-presidente José Alencar (1031-2011) e pela então vice-primeira-ministra Wu Yi em Pequim. Durante o encontro, ambos concordaram em cooperar em âmbito político, econômico, comercial, científico e tecnológico, espacial, agrícola e cultural educacional. Atualmente o vice-presidente Geraldo Alckmin é o responsável pela co-presidência brasileira da Cosban.

O ano de 2009 foi agitado para as relações Brasil-China. Ao todo, foram realizadas 6 viagens bilaterais, incluindo a 1ª vez que o então vice-presidente Xi Jinping veio ao Brasil. Também foi o ano que o país asiático se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, durante o 2º mandato de Lula. Três anos depois, em 2012, a China se tornou o principal importador de produtos brasileiros.

Os presidentes brasileiros visitaram a China 11 vezes desde 1974, enquanto chefes do Executivo chinês vieram ao Brasil 7 vezes no período.

A última visita de Estado foi em 2023, quando Lula foi a Pequim pela 4ª vez. A viagem do presidente teve como objetivo reatar as relações diplomáticas e políticas com o governo de Xi Jinping, abaladas durante o mandato (2019-2022) de Jair Bolsonaro (PL).

O petista também foi com o intuito de reposicionar o Brasil como destino de investimentos chineses e avançar em acordos comerciais, tecnológicos e climáticos.

Xi Jinping no Brasil

O presidente chinês virá ao Brasil em novembro para a Cúpula dos Chefes de Estado do G20. O encontro está marcado para 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. A cúpula representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo país que ocupa a presidência rotativa do grupo –atualmente, o Brasil.

A última vez que Xi Jinping veio ao Brasil foi em 2019. Dentre os objetivos do presidente chinês em solo brasileiro, está a adesão do Brasil ao “Belt&Road” (Cinturão e Rota, em português).

Na 4ª feira (14.ago), Lula disse estar aberto a discutir o tema, bem como uma “parceria de longo prazo”. Afirmou que terá reunião bilateral com Xi Jinping depois do G20.

“Os chineses querem discutir conosco a Rota da Seda e nós vamos discutir. Nós não vamos fechar os olhos, não. Nós vamos dizer: ‘o que tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho?’. Essa é a discussão”, disse Lula na ocasião.

Brasil, Colômbia e Paraguai são os únicos países da América do Sul que ainda não aderiram à Rota da Seda, lançada em 2013. A iniciativa visa a aumentar as exportações chinesas e financiar e ampliar a influência global do país.

EUA & CHINA

Em 1972, a visita de um presidente dos EUA à China era vista como improvável. Em plena Guerra Fria, os norte-americanos “lutavam” contra o comunismo imposto pelo bloco soviético.

Nixon construiu sua carreira se colocando como anticomunista. Mesmo assim, anos antes de ir à China, ele já mostrava sinais de que desejava deixar a ideologia de lado para se aproximar do país asiático.

Com as fronteiras quase fechadas para o mundo, a China vinha da chamada Revolução Cultural, onde investiu em uma maciça campanha para eliminar elementos capitalistas da cultura e da sociedade locais. O país estava cada vez mais afastado da URSS, isolado do resto do mundo e enfraquecido.

Os norte-americanos viam na aproximação com a China uma forma de estabelecer uma influência na região e ampliar seu papel como líder mundial. Ainda, a chance de acabar com a Guerra do Vietnã –mesmo que para isso tivessem que romper com outro aliado: Taiwan.

Em 1979, a nação norte-americana rescindiu o Tratado de Defesa Mútua entre Estados Unidos e Taiwan, assim reconhecendo a República Popular da China e estabelecendo relações diplomáticas. O tratado foi anulado unilateralmente pelo presidente Jimmy Carter (1977-1981).

Pouco depois do reconhecimento da República Popular da China, o Congresso dos EUA aprovou a Lei de Relações com Taiwan, que reestabeleceu trechos do tratado como, por exemplo, a definição de “Taiwan”. No entanto, não foi tão abrangente como o anterior, como a promessa de assistência militar direta à ilha no caso de uma invasão.

COMEMORAÇÕES

A fim de celebrar o cinquentenário das relações entre os países, será realizado nesta 5ª feira (15.ago) um seminário no auditório Wladimir Murtinho, no Palácio Itamaraty, às 9h. O tema: “Brasil-China 50 anos”. Na ocasião, será também inaugurada uma exposição e lançado livro sobre os principais resultados da parceria bilateral e as oportunidades futuras de cooperação.

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