Ao lado do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou neste sábado, véspera de segundo turno, esperar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) aceite fazer a transição de governo se perder a eleição. O petista declarou, contudo, que não será um problema se Bolsonaro não quiser "passar a faixa" presidencial.
"Eu se for necessário recebo a faixa do povo brasileiro, coloco lá uma centena de trabalhador para me entregar a faixa, não precisa ser ele", disse o petista, em entrevista coletiva de imprensa realizada na tarde deste sábado, 29.
Ontem, após o debate transmitido pela TV Globo, Bolsonaro pela primeira vez afirmou que "quem tiver mais voto, leva", sem fazer condicionantes sobre a aceitação dos resultados desta eleição. "Eu disputei muitas eleições, quem perde vai para casa lamentar e quem ganha vai festejar. É simples. Nós só temos um caso do presidente Figueiredo não ir passar a faixa para o presidente Sarney. Mas isso é o de menos", disse Lula.
"Agora, se ele for educado, civilizado, for um cidadão do século 21, ele simplesmente reconhece, telefona para o vitorioso, e nós vamos propor mandar uma equipe para fazer a transição, espero que ele faça a transição para que a gente conheça o que tem dentro, e quando for dia 1 de janeiro, ele fala tchau, vai embora e eu entro. Não tem dificuldade, não tem que fazer curso, é simples", seguiu o petista.
O ex-presidente rebateu uma das narrativas de aliados de Bolsonaro nas redes sociais sobre seu posicionamento a respeito dos microempreendedores individuais (MEIs). Depois do debate presidencial de ontem, a campanha de Bolsonaro passou a divulgar que Lula é contra quem é MEI, o que o petista desmente.
"Eu, sinceramente, não consigo conceber como alguém disputa uma eleição mentindo descaradamente a campanha inteira, não tem limite para contar mentira", disse Lula. O petista disse ainda que o "parceiro e orientador" de Bolsonaro é um "juiz mentiroso", ao falar sobre Sérgio Moro.
Ainda sobre o debate, o candidato à Presidência afirmou que "sentiu na carne o quanto é difícil você fazer debate com pessoas que descaradamente mentem, pessoas que não tem nenhum respeito com a verdade". "Eu tenho 77 anos, nunca tinha visto uma fábrica de produzir mentira, maldade, como o presidente que governa esse país", afirmou Lula. "Graças a Deus me parece que o povo brasileiro está maduro, está cansado e eu acho que o povo brasileiro vai fazer a troca", disse.
O petista chegou a comparar a atuação nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL) a de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. "Não sei se é, mas parece uma filial de Trump. Não é possível fazer campanha com essa quantidade de fake news 24h por dia", disse, após agradecer a imprensa por ajudar a desmentir mentiras propagadas nas eleições.
Ele também chamou o atual presidente de "descontrolado" e que "não tem condições psíquicas de governar o Brasil".
Ao lado de Mujica, Lula disse que, se eleito, pretende fazer viagens para "restabelecer" relações do Brasil com outros países. "Uma das coisas que quero fazer assim que ganhar eleições é fazer uma viagem para restabelecer nossa relação com a América do Sul, com os EUA, com a China, para restabelecer um padrão de civilidade na relação internacional do Brasil", disse Lula. "Bolsonaro faz questão de brigar com os vizinhos".
O candidato reforçou sua tese de que o Brasil está em isolamento internacional e precisa ser reconstruído "por uma pessoa que tenha credibilidade e garanta estabilidade". "Estou com esperança de que vamos eleger a Presidência e o governo de São Paulo", disse Lula, ao lado de seu candidato ao comando paulista, Fernando Haddad (PT).