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Lula e Biden se reúnem com a expectativa de adesão dos EUA ao Fundo Amazônia

Publicado 10.02.2023, 07:53
Atualizado 10.02.2023, 11:11
© Reuters  Lula e Biden se reúnem com a expectativa de adesão dos EUA ao Fundo Amazônia

O primeiro encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden nesta sexta-feira, 10, deve vir acompanhado de um comunicado com compromissos e desafios compartilhados entre os dois países. A principal expectativa é que os Estados Unidos anunciem a adesão ao Fundo Amazônia, reforçando o foco na agenda ambiental de ambas nações. Para o chefe da Casa Branca, a questão climática é a "número 1". Lula, por sua vez, tenta reinserir o Brasil nesse debate, sendo a reabertura do Fundo Amazônia uma das ações nesta direção.

O comunicado estava sendo finalizado na noite da quinta-feira, 9, e deve ser publicado após o encontro, que ocorre às 17h30 desta sexta (horário de Brasília), no Salão Oval da Casa Branca. A ideia da publicação de um comunicado conjunto partiu de autoridades do governo americano, de acordo com fontes em Washington. O governo brasileiro não considerava a iniciativa até a véspera da chegada de Lula e sua comitiva a Washington, na noite da quinta, conforme assessores do presidente.

Para além da pauta ambiental, o comunicado deve exacerbar ainda os principais pontos do encontro, como a defesa à democracia, com a condenação ao extremismo e à violência política, e uma pauta de desenvolvimento econômico. Quanto a questões globais, o foco é a guerra na Ucrânia, tema que gera opiniões distintas entre os chefes de Estado. Enquanto Lula defende a criação de um "clube da paz", os Estados Unidos têm destinado bilhões de dólares em assistência à Ucrânia.

Segundo um porta-voz da Casa Branca, a declaração conjunta vai trazer itens "concretos", mostrando "quais são as prioridades nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil".

Valores

Apesar da expectativa do impulso americano na proteção à Amazônia, ainda não foram revelados valores. O governo de Joe Biden vem tentando fazer um aporte de recursos para apoiar a preservação das florestas no Brasil desde a gestão de Jair Bolsonaro (PL). No entanto, assim como recursos europeus ficaram parados, o dinheiro dos americanos não chegou à iniciativa, uma vez que o governo brasileiro não se comprometia com a redução do desmatamento da Amazônia.

Na gestão de Lula, porém, o tom mudou. O petista reativou o Fundo Amazônia, criado em 2008 com uma injeção de recursos de US$ 1,2 bilhão por parte da Noruega e da Alemanha. O foco é expandi-lo em alguns bilhões, tem afirmado a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O fundo é visto como a principal iniciativa de proteção às florestas no País.

A indicação de que o governo americano poderia aderir ao Fundo Amazônia já foi dada pelo enviado especial dos Estados Unidos para a questão climática, John Kerry, que teve três reuniões com Marina durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no mês passado. Os dois devem se encontrar novamente agora.

Na pauta econômica, a cadeia de suprimentos deve ser o principal foco da reunião, sendo a China, maior parceiro comercial do Brasil, a parte sensível desse debate. O chefe da Casa Branca defende que os Estados Unidos retomem parte da vantagem que perderam nos últimos anos na fabricação de semicondutores, os microchips. Já Lula colocou a reindustrialização como meta e quer que o Brasil também fique com uma fatia desse bolo.

Democracia

O principal tema político do encontro deve ser, porém, a união dos dois chefes de Estado contra a extrema direita e a violência política, após a invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília, e do Capitólio, nos Estados Unidos. Biden conheceu Lula em 2009, quando era vice-presidente dos EUA, e já conversou duas vezes com o petista por telefone desde a vitória eleitoral. Um dos contatos foi logo após os atos antidemocráticos em Brasília, inspirados no que ocorreu nos Estados Unidos dois anos antes.

Biden também quer o apoio de Lula para uma agenda regional, uma vez que vê o Brasil como um "parceiro-chave" para enfrentar os desafios nas Américas, mas também ao redor do Globo. No front global, a Ucrânia deve seguir nos holofotes.

Lula desembarcou em Washington acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva, e de uma comitiva de ministros e assessores, mas não falou com a imprensa. Segundo assessores, o presidente permaneceria na Blair House, hospedagem oferecida a convidados de relevância na capital dos Estados Unidos, tendo compromissos oficiais apenas nesta sexta.

Nos arredores, a segurança está reforçada e o local foi isolado por grades de contenção. A chegada de Lula atraiu alguns poucos curiosos e apoiadores do presidente. Para esta sexta, representantes da esquerda organizam um evento de boas-vindas ao petista em frente à Blair House.

Agenda

A agenda de Lula terá início às 12h30 (de Brasília), com um encontro com o senador Bernie Sanders, na Blair House. Na sequência, o presidente recebe deputados e senadores do Partido Democrata e representantes da Federação Americana de Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO). Seu último compromisso é a reunião com Biden. Antes, Janja terá um encontro privado com a primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden.

A comitiva brasileira é composta ainda pelos ministros Mauro Vieira, de Relações Exteriores; Fernando Haddad, da Fazenda; Marina Silva, do Meio Ambiente; e Anielle Franco, de Igualdade Racial; pelo assessor especial Celso Amorim; e pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Marcio Elias Rosa.

Lula deve deixar Washington no início da tarde de sábado, dia 11, rumo a Brasília.

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