Levantamento do Instituto Fogo Cruzado mostra que somente neste ano, 18 crianças já foram baleadas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Dessas, 7 morreram.
O caso mais recente foi o de Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de um policial rodoviário federal na 5ª feira (7.set.2023) dentro do carro enquanto passeava com os pais no Arco Metropolitano, em Seropédica, a cerca de 60 km da capital. Els está internada em estado grave.
Segundo dados do Instituto, agosto foi marcado pela violência contra crianças e adolescentes no Rio –ao menos 8 foram feridos por disparos de arma de fogo. Seis delas morreram e duas ficaram feridas.
O Fogo Cruzado compila mensalmente dados sobre tiroteios na região. O relatório do mês passado apresentou aumento em relação a agosto de 2022, quando foram 6 casos. No acumulado do ano, 7 crianças de até 14 anos morreram baleadas no Estado. A maioria foi vítima de bala perdida.
Ao longo dos 31 dias de agosto, foram 155 tiroteios/disparos registrados na região metropolitana, sendo que 24,5% ocorreram durante ações policias. Das 119 pessoas (de todas as idades) baleadas no mês, 43% (51) foram atingidos por tiroteios em ações policiais.
De acordo com o Instituto, os municípios mais afetados pela violência armada ao longo de agosto foram:
- Rio de Janeiro – 104 tiroteios, 39 mortos e 32 feridos;
- São Gonçalo – 13 tiroteios, 5 mortos e 8 feridos;
- Duque de Caxias – 12 tiroteios, 8 mortos e 6 feridos;
- Nova Iguaçu – 6 tiroteios e 3 mortos.
CASO HELOÍSA
O episódio envolvendo Heloísa e sua família ganhou repercussão ao longo do feriado do 7 de Setembro e fez com que o diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Antonio Fernando Souza Oliveira, se pronunciasse sobre o ocorrido.Na 6ª feira (8.set), ele disse que o disparo que feriu a menina “não é um método aceito pela corporação“. A PRF informou também que 3 policiais envolvidos no caso foram preventivamente afastados das funções operacionais, “inclusive para atendimento e avaliação psicológica”. A corregedoria da PRF apura o caso.
Heloísa foi levada para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Heloísa chegou ao hospital levada por uma viatura da PRF, com perfuração por arma de fogo no crânio, pescoço e ombro
A paciente foi avaliada pela Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, neurocirurgia e pediatria, com realização de exames de imagem e laboratório. Ela foi encaminhada para o centro cirúrgico e solicitado centro de terapia intensivo. “Seu estado é grave”, afirma a secretaria.