Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem que ele aguarda explicações do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, sobre o uso de avião da FAB e recebimento de diárias para uma agenda majoritariamente privada em São Paulo voltada para sua paixão, os cavalos. A situação provoca constrangimento no Palácio do Planalto, mas a ordem de Lula é para que os ministros não comentem o assunto em público.
Em conversas reservadas, deputados e senadores da base aliada afirmam que Lula deveria demitir rapidamente Juscelino, após série de reportagens publicadas pelo Estadão revelar esquemas envolvendo o titular das Comunicações.
A indicação está na cota do União Brasil, embora a bancada diga que não tenha tido qualquer influência na nomeação. Deputados da bancada disseram que Juscelino não conseguiria 30 assinaturas no partido hoje de apoio.
"Ele tem que responder", disse o deputado Carlos Henrique Gaguim (União Brasil-TO). A indicação de Juscelino deveria partir da Câmara, mas o senador Davi Alcolumbre (AP) o levou à pasta. O líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), pediu que os congressistas não comentassem sobre o ministro.
ORIENTAÇÕES
Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) diz esperar orientações do Planalto sobre como lidar com a crise no Ministério das Comunicações. "Não tenho posição pessoal. Sou líder do governo, eu vou ter que esperar a avaliação que se faz no centro do governo, na Casa Civil", afirmou. O senador evitou sair em defesa de Juscelino, mas afirmou que é preciso analisar o caso. "Acho que não podemos prejulgar ninguém. Temos que esperar a revelação dos fatos, a investigação, para saber se tudo que estão falando é pertinente ou não", disse.
Como mostrou o Estadão, Juscelino recebeu quatro diárias e meia e usou jato da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir e voltar de São Paulo, entre 26 a 30 de janeiro, onde dedicou três dias da agenda para assistir a leilão de cavalos. Nenhum dos compromissos envolvendo animais está registrado na agenda de Juscelino. Procurado pela reportagem, o ministro não comentou o assunto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.