Gaza, 3 mar (EFE).- As entidades bancárias de Gaza fecharam nesta quinta-feira em protesto pela apreensão de um fundo de investimentos pelas Forças de segurança do Governo do Hamas em Gaza, em um novo enfrentamento entre os Governos palestinos da faixa e a Cisjordânia.
A greve foi convocada pela Autoridade Monetária Palestina (AMP), com sede na cidade cisjordaniana de Ramala, e dependente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que preside o líder do Fatah, Mahmoud Abbas, e que mantém um longo conflito com o Governo islamita da faixa.
No domingo passado, o Executivo do Hamas tomou controle do Fundo Palestino de Investimentos (FPI), propriedade da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), ao despedir todos os empregados, formar uma nova junta diretora e confiscar seus bens e propriedades, indicaram nesta quinta-feira sob anonimato fontes conhecedoras dos fatos.
A apreensão foi obra de membros das Forças de segurança do Governo do Hamas, que entraram no Banco Palestino de Investimentos (BIS), exigiram a entrega do capital do fundo e apreenderam documentos e cheques, assinalaram as fontes.
O diretor-geral em Gaza do fundo, Nabil al-Zaim, e o diretor-executivo da filial, Hussein Abu Tawila, foram obrigados a assinar cheques pela quantidade de todas as reservas das que dispunha o fundo nos bancos, agregaram.
"Denunciamos e condenamos o ataque", assinalou a autoridade monetária em comunicado, no qual considera inaceitável o emprego de armas contra a população em Gaza.
Em declarações à Agência Efe, Ayman Daraghma, um dos dirigentes do Hamas na Cisjordânia, defendeu a apreensão como uma forma de "devolver ao povo palestino" seu dinheiro.
"É o dinheiro do povo palestino, por isso que não vemos mal que seja devolvido aos palestinos. Por que tem que estar nas mãos de gente que explode os palestinos?", disse.
A autoridade monetária não desvelou a quantidade tirada do banco, embora advertiu que manterá o fechamento coletivo até que seja devolvida.
Segundo as fontes anônimas, se trata de mais de US$ 500 mil, tirados das caixas-fortes.
Enre outras propriedades, o FPI tem em Gaza a Feitoria de Sumos, a Escola Americana, a Companhia de Serviços Comerciais e o arranha-céu Hanadi, no oeste da capital.
Um incidente similar ocorreu em março de 2010 quando oito bancos de Gaza organizaram uma greve de um dia por causa do confisco pela Polícia do Executivo do Hamas na sede de uma das entidades de um milhão de shekels (200 mil euros, US$ 270 mil) pertencentes a um centro médico local.
O setor bancário de Gaza atravessa uma frágil situação pelo bloqueio israelense e tem problemas de liquidez quando o Estado judeu freia a mudança à faixa da moeda que compartilham Israel e os territórios palestinos, o shekel.
A incerteza aumentou desde que em maio passado o Arab Bank, uma das principais instituições financeiras do mundo árabe, anunciasse o fechamento de todas suas filiais na faixa, salvo dois, e a demissão de 90% de seus empregados. EFE