Por Tim Kelly e Naomi Tajitsu
TÓQUIO (Reuters) - Promotores japoneses indiciaram Carlos Ghosn nesta segunda-feira em outra acusação de violação agravada de confiança, disse um tribunal de Tóquio, a quarta acusação contra o ex-presidente da Nissan, que seus advogados responderam imediatamente com um pedido de fiança.
A acusação veio no dia em que o mais recente período de detenção de Ghosn expirou. Ghosn estava em liberdade sob fiança quando as autoridades o prenderam pela quarta vez em 4 de abril sob suspeita de que ele enriqueceu a um custo de 5 milhões de dólares da montadora.
"Estamos confiantes de que temos as evidências para processar com sucesso todos os quatro casos", disse um funcionário do gabinete do promotor em um comunicado após o anúncio da acusação.
Ghosn negou todas as quatro acusações, que incluem declarar uma renda menor que a real, e disse que é vítima de um golpe da diretoria. Ele acusou ex-colegas de traição, descrevendo-os como rivais, egoístas empenhados em descarrilar uma aliança mais próxima entre a Nissan e sua principal acionista, a francesa, Renault.
"Carlos Ghosn é inocente das últimas acusações feitas contra ele pelos promotores de Tóquio, ajudados e induzidos por certos conspiradores da Nissan", disse um representante do Ghosn em um comunicado.
O caso expôs as tensões na aliança Nissan-Renault forjada por Ghosn há cerca de duas décadas, quando a montadora francesa investiu na Nissan, então à beira da falência - um acordo que deu à Renault o controle sobre sua parceira.
A prisão de Ghosn também voltou os holofotes para o sistema judiciário do Japão, que os críticos chamam de "justiça refém", já que os réus que negam suas acusações não recebem fiança.
Segundo a lei japonesa, os promotores podem manter os suspeitos por até 22 dias sem acusação formal e interrogá-los sem a presença de seus advogados. De acordo com estes termos, os promotores tiveram que indiciar ou libertar Ghosn até esta segunda-feira.