Por Guillermo Parra-Bernal e Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - A Oi (SA:OIBR4) pode retirar a proposta de restringir por três anos que credores troquem parte da dívida por ações, em um sinal de que a operadora de telecomunicações busca ganhar apoio de detentores de bônus para sair da recuperação judicial mais rapidamente, afirmaram duas pessoas com conhecimento do assunto nesta sexta-feira.
A limitação, que a Oi incluiu em uma proposta de reorganização em 5 de setembro, desagradou credores e ajudou a retardar a reestruturação judicial da companhia.
O presidente-executivo da Oi, Marco Schroeder, afirmou aos dois grupos de detentores de bônus da empresa nesta semana que os acionistas parecem estar menos relutantes em aceitar uma troca de dívida por ações, disseram as fontes.
Segundo essas fontes, que pediram anonimato para falar livremente sobre o assunto, Schroeder se reuniu na segunda-feira com o G5 Evercore, assessor de um grupo de detentores de bônus recentemente criado, para discutir a reestruturação.
Ele se encontrou com executivos de bancos do grupo de credores liderado pela Moelis & Co na sexta-feira, disseram as fontes.
Essa mudança de estratégia enfatiza como a crescente pressão do governo para encontrar uma solução para a Oi forçou os credores e acionistas a encontrar rapidamente um terreno comum. Schroeder tornou-se CEO da Oi depois que uma primeira rodada de negociações com o grupo liderado pela Moelis desmoronou em junho.
Oi se recusou a comentar, assim como Moelis. Esforços para obter comentários da G5 Evercore fracassaram.
O pedido de recuperação de 65,4 bilhões de reais da Oi, o maior da história no Brasil, se complicou por uma proposta de reorganização apresentada em setembro, que credores alegam favorece acionistas em seu prejuízo.
O governo brasileiro ameaçou intervir para garantir a sobrevivência da empresa se a briga persistir.
A Reuters informou em 2 de setembro que o governo só
agiria se os "investidores perturbadores" tentassem assumir o controle da Oi durante o plano de reorganização judicial.
O grupo liderado pela Moelis está trabalhando com o bilionário egípcio Naguib Sawiris para apresentar um plano alternativo de reorganização da Oi, atraindo a oposição de algumas autoridades do governo.
Uma resolução do conflito entre detentores de bônus e acionistas poderia atrair mais interessados para a Oi, que apresentou um pedido de recuperação judicial sucumbindo a anos de empréstimos excessivos e a mais dura recessão do Brasil em oito décadas.
Uma terceira pessoa disse que um grupo de investidores liderados pelo fundo norte-americano Cerberus Capital Management avalia examinar os números da Oi para decidir se faz uma oferta pela companhia durante as negociações de reorganização.
A mesma pessoa disse que o plano liderado pelo Cerberus já recebeu apoio de autoridades governamentais e de executivos de bancos. O Cerberus não tinha comentários imediatos.
(Com reportagem adicional de Ana Mano)