Por Vlad Schepkov
"Notamos que a Apple não está barata e nos preocupamos que as estimativas de LPA para 2023 estejam altas demais" - afirma Toni Sacconaghi, da Bernstein, ao avaliar o que o futuro pode reservar para uma das empresas de capital aberto mais valiosas do mundo.
O analista destaca a espantosa tendência histórica da Apple (SA:AAPL34)(NASDAQ:AAPL) de superar o a mercado em geral no período de 3 meses que antecede os novos lançamentos de iPhones (entre junho e setembro) – "A Apple teve desempenho superior em 14 de 15 anos antes do lançamento do iPhone" – mas questiona se 2022 é o ano em que a tendência finalmente irá se romper.
Ele vê várias preocupações críticas que podem continuar gerando obstáculos para as ações até setembro de 2022, e além:
- Apesar de um grande pull back – a AAPL apresenta queda próxima a 30% em relação às máximas de janeiro de 2022 – as ações ainda "estão negociando acima dos níveis históricos numa base relativa (1,36x vs. 1,09x) e acima de outros nomes FAAMG com maior crescimento".
- A potencial recessão econômica pode ter um impacto desproporcional sobre a empresa, que é "centrada no consumidor e altamente transacional, com menos de 10% das suas receitas e lucros sendo recorrentes".
- Por último, o analista considera que os ventos favoráveis do período da Covid-19 podem se transformar em grandes obstáculos à frente: "Continuamos a acreditar que a AAPL obteve ganhos excessivos no exercício de 2021 (e no de 2022) em meio ao trabalho/aprendizagem remoto, o que poderia se reverter, especialmente à medida que as prioridades de gastos dos consumidores mudam".
A Bernstein deixa espaço aberto para um possível desempenho acima do mercado, citando o atual sentimento "no geral cauteloso" dos investidores, bem como as estimativas para o 3T que "não parecem injustificadas", mas conclui que, na soma de todos os fatores, "o risco/recompensa nos próximos 6 meses a 2 anos é de neutro a modestamente negativo".
O analista reiterou a classificação de Market Perform, com preço-alvo de US$ 170 por ação.
A AAPL fechou ontem a US$ 135,35, queda acumulada de 26% no ano, embora ainda em alta de 1% em relação à mesma época do ano passado. Por volta das 15h32 desta quinta, era negociada com alta de 1,47%, a US$ 137,34.