Nury Rojas Patiño.
Buenos Aires, 19 jul (EFE).- O futebol, uma das paixões que caracteriza os argentinos, ganha vida na animação "Metegol", a primeira produção argentina em 3D, que estreou ontem, quinta-feira, nas salas de cinema da Argentina sob a direção do vencedor do Oscar Juan José Campanella.
"Metegol" (nome dado em homenagem à forma como os argentinos chamam o tradicional jogo de totó) é considerado o filme mais ambicioso deste gênero rodado até o momento na América Latina e faz uma "aposta no mercado internacional", destacou Campanella dias atrás em entrevista coletiva.
A produção, com roteiro de Campanella e Eduardo Sacheri, está inspirada no conto "Memorias de un wing derecho", um relato de menos de duas mil palavras do falecido escritor e cartunista argentino Roberto Fontanarrosa.
O filme narra a vida de Amadeo, um jovem de um pequeno povoado que trabalha em um bar, joga "metegol" melhor que ninguém e está apaixonado por Laura, embora ela não saiba disso.
Amadeo se vê envolvido em um duelo pela honra e embarcará em uma viagem cheia de aventuras por Laura, o amor e o futuro de seu povo, através de uma partida de totó na qual descobre que os pequenos jogadores ganham vida na mesa de metal.
A paixão pelo futebol e suas novas aventuras ensinarão a Amadeo o grande valor que tem o trabalho constante e em equipe.
Com um uniforme verde e amarelo, além de uma aparência velha e desbotada, própria dos bonecos de totó, os pequenos jogadores que ganham vida roubam o "show" neste filme, no qual cada um fornece algo de sua personalidade para trabalhar pelo bem comum.
Nesta história, o diretor procura reivindicar o papel dos jogadores de bairro, que antepõem a amizade, os valores e a unidade de sua equipe ao brilho pessoal, fazendo um claro contraponto às midiáticas estrelas do futebol internacional.
É precisamente o trabalho em equipe e a solidariedade que são postos a toda prova no filme, quando Grosso, um jovem do povoado transformado no melhor jogador do mundo, volta disposto a vingar-se da única derrota que sofreu em sua vida e Amadeo deve lutar por sua honra e o futuro de todo seu povo.
O personagem de Grosso, o vilão da história, está, na voz, a cargo do ator argentino Diego Ramos, que, em conversa com a imprensa argentina, assegurou que este menino concentra "tudo o que ele não gosta no futebol".
Ramos é acompanhado por um elenco masculino formado pelos artistas Pablo Rago (El Capi), Miguel Ángel Rodríguez (Liso), Horacio Fontova (El Loco) e David Masajnik (Amadeo).
A voz feminina do filme é a da jovem atriz Lucía Maciel, que encarna Laura, a menina que se transformará no motor da história.
Com um custo de US$ 20 milhões e a participação de 50 profissionais de animação, "Metegol" é uma co-produção argentino-espanhola, que requereu cinco anos de trabalho e uma equipe de cerca de 300 pessoas, entre animadores, atores, desenhistas e técnicos, entre outros.
Campanella, vencedor de um Oscar de melhor filme estrangeiro por "O Segredo dos seus Olhos" (2009), admitiu que se soubesse o quanto custaria o projeto provavelmente não o teria iniciado, mas destacou que, mesmo assim, o filme está longe dos US$ 170 milhões que pode alcançar uma produção da Disney.
"Sinto um grande alívio. No cinema não existe a felicidade, mas o alívio", disse o diretor há poucos dias, após a projeção do filme para a imprensa. EFE