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Demanda da Petrobras por helicópteros causa demissões e frustra pilotos, diz sindicato

Publicado 17.04.2015, 14:19
© Reuters.  Demanda da Petrobras por helicópteros causa demissões e frustra pilotos, diz sindicato

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A demanda da Petrobras por helicópteros que atendem campos de petróleo está frustrando expectativas de empresas de táxi aéreo, que já demitiram quase 140 tripulantes entre meados de 2014 e março deste ano, uma mostra de como programas de corte de custos da estatal têm afetado os mais diversos setores da economia.

Com grande parte da produção de petróleo em alto-mar, o serviço de táxi aéreo é fundamental para a Petrobras transportar trabalhadores até as plataformas e navios-sonda, num momento em que a estatal mais do que nunca precisa ampliar a produção e desenvolver descobertas.

"A crise para o setor aéreo pegou bem feio mesmo", afirmou o piloto de helicóptero Marcelo Quadrado, que trabalhava para uma empresa que prestava serviço para a Petrobras, confirmando uma situação relatada à Reuters pelo sindicato da categoria.

Em um período de menos de um ano, foram 136 demissões de pilotos, segundo dados do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), uma situação que contrasta fortemente com a verificada quando a Petrobras avançou há alguns anos na exploração do pré-sal, quando havia uma menor relação de pilotos por vaga.

Quadrado, que está desempregado há sete meses, ressaltou ainda que as atividades menos aquecidas de transporte para a indústria petrolífera acabam tendo um impacto global para o setor de táxi aéreo, já atingido pela economia mais fraca.

"Quando o offshore (no mar) fica ruim, o mercado executivo fica junto", destacou ele.

Antes mesmo de perder o emprego, em outubro de 2014, Quadrado disse que suas horas de voo trabalhadas já vinham sendo reduzidas "drasticamente". Em 2014, ele disse ter trabalhado 340 horas, contra 750 durante todo o ano de 2013.

Procurada, a Petrobras disse que não está reduzindo as atividades de transporte offshore, mas que a companhia adotou algumas novas práticas para aumentar a produtividade.

O sindicato dos aeroviários, no entanto, esperava que a demanda por serviços para a Petrobras aumentasse neste ano.

"A Petrobras tinha uma expectativa de precisar neste ano do dobro de helicópteros do que em 2014", afirmou à Reuters o diretor do SNA, Pedro Bom.

Entretanto, ele declarou que a demanda está menor.

Dados da Infraero levantados pelo SNA apontam que houve uma queda do número de voos que saíram do aeroporto de Campos dos Goytacazes e de Macaé (RJ) para áreas offshore em janeiro deste ano, frente um ano antes, mas o número de passageiros transportados cresceu.

"Isso quer dizer que houve uma diminuição no número de helicópteros, consequentemente do número de pilotos também... por isso as demissões", afirmou Bom, explicando que a companhia deve estar demandando helicópteros maiores, com maior capacidade de transporte.

A Petrobras não respondeu se tinha uma expectativa anterior de dobrar a frota de helicópteros a seu serviço e frisou que prevê manter neste ano a mesma demanda em número de voos e movimentação de passageiros de 2014.

"Não estamos reduzindo as atividades de transporte offshore. Mas, graças a modificações no processo de transporte e sua logística, conseguimos reduzir os atrasos e aumentar a produtividade", afirmou a petroleira por e-mail.

A Petrobras não explicou, no entanto, quais as modificações realizadas e qual o aumento de produtividade alcançado.

Tanto a Petrobras quanto o sindicato não tinham números atualizados disponíveis de quantos tripulantes trabalham em helicópteros à serviço da petroleira atualmente.

Em dezembro de 2014, segundo a Petrobras, as operadoras aéreas informaram que havia 735 tripulantes, entre pilotos e copilotos, trabalhando à serviço dela no transporte em helicópteros. Além disso, a empresa disse que foram realizadas um total de 112 mil horas de voo ao longo de 2014.

CRISE PARA O SETOR

Embora a indústria petrolífera seja importante demandante de serviços, a crise econômica do país é outro fator que está impactando a atividade de táxi aéreo, que conta com empresas como Líder, Aeróleo, BHS, Omni e Emar.

"O mercado executivo varia muito em relação ao dólar, o dólar alto do jeito que está, o país em crise do jeito que está, os empresários também ficam com receio de comprar helicópteros e de usar helicópteros", afirmou Quadrado.

De acordo com o piloto, há um grupo muito grande de profissionais de táxi aéreo demitidos no mercado, procurando emprego.

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