Por Sonya Hepinstall
(Reuters) - O apelo do papa Francisco para salvar o planeta recebeu elogios de ativistas contra a mudança climática, de cientistas e da ONU, nesta quinta-feira, por ser um imperativo moral para que os governos façam de 2015 um divisor de águas nos esforços para frear o aquecimento global.
O papa Francisco exigiu ações rápidas para deter o que vê como uma ruína ambiental iminente, e exortou os líderes mundiais a ouvirem "o grito da terra e o grito dos pobres".
Na primeira encíclica, ou documento papal, dedicada ao meio-ambiente, ele pediu uma "ação decisiva, aqui e agora", para acabar com a degradação ambiental e o aquecimento global, apoiando explicitamente os cientistas que afirmam que este último é causado essencialmente pelo homem.
Ativistas e cientistas comemoraram a intervenção do papa por trazer um elemento moral para a controvérsia política em torno da mudança climática, que alguns políticos conservadores e executivos –especialmente nos Estados Unidos– duvidam ser resultado da atividade humana.
"A mudança climática não é mais só um tema científico; é cada vez mais um tema moral e ético", afirmou Yolanda Kakabadse, presidente do grupo internacional de conservação ambiental WWF. "Ela afeta as vidas, o sustento e os direitos de cada um, especialmente dos pobres, dos marginalizados e das comunidades mais vulneráveis".
Christiana Figueres, secretária-geral do Secretariado da Mudança Climática das ONU, disse que a encíclica representa um grande ímpeto para que os governos concordem com um pacto vigoroso quando se reunirem para a cúpula climática da ONU em Paris, no fim do ano. "Este clamor deveria guiar o mundo rumo a um acordo climático universal forte e duradouro em Paris no final do ano", disse em comunicado.
Quase todos os especialistas em emissões de gases de efeito estufa criados pelo homem culpam o aquecimento global pelo aumento das ondas de calor, as chuvas intensas e o aumento do nível dos mares.
"O Vaticano avaliou os indícios científicos da mudança climática e dediciu que o mundo precisa agir para evitar a devastação do ecossistema que sustenta nossa vida", disse Mark Maslin, professor de climatologia da Universidade College de Londres.