Por Renee Maltezou e Andreas Rinke
BRUXELAS (Reuters) - Líderes da zona do euro disseram a uma Grécia próxima da falência, em uma cúpula de emergência realizada neste domingo, que a confiança em Atenas deve ser restaurada antes que sejam abertas negociações sobre qualquer novo resgate financeiro para que o país permaneça na zona do euro.
Será exigido que o premiê esquerdista grego, Alexis Tsipras, pressione pela aprovação de uma nova legislação no Parlamento grego, de modo a convencer seus 18 países parceiros na zona do euro a liberarem imediatamente recursos para evitar a falência do Estado grego. Essa também será uma condição para o início das negociações sobre um terceiro programa de resgate financeiro.
Seis medidas de austeridade, incluindo reformas fiscal e no sistema de pensões, vão precisar ser decretadas até quarta-feira à noite e todo o pacote de resgate precisará ser apreciado pelo Parlamento antes que as negociações possam começar, de acordo com o texto de uma decisão preliminar enviada por ministros das Finanças do Eurogrupo aos líderes europeus.
O documento também inclui uma proposta da Alemanha para que a Grécia se retire temporariamente da zona do euro caso não consiga atender às condições para um novo empréstimo. Mas nem todos os ministros endossaram a ideia, que estava separada entre parênteses no texto visto pela Reuters.
Uma fonte de alto escalão da União Europeia disse que tal saída temporária do euro seria ilegal e não permaneceria no comunicado final da reunião de cúpula.
Tsipras disse ao chegar em Bruxelas que deseja "mais um compromisso honesto" para manter a Europa unida.
"Podemos alcançar um acordo esta noite se todas as partes quiserem", disse ele.
Mas a chanceler alemã, Angela Merkel, cujo país é o maior contribuinte para os programas de resgate europeus, disse que as condições ainda não estavam postas para o início das negociações. Ela pareceu cautelosa em suas declarações, diante de uma oposição cada vez maior em seu país a uma maior ajuda à Grécia.
"O meio corrente mais valioso foi perdido, que é a confiança", disse ela a jornalistas. "Isso significa que vamos ter discussões difíceis e não haverá acordo a qualquer preço."
Se a Grécia atender às condições, o Parlamento alemão se reuniria na quinta-feira com Angela Merkel e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, para dar início aos debates sobre um novo empréstimo. Após isso, os ministros das Finanças do Eurogrupo se encontrariam novamente na sexta ou no próximo fim de semana para começar formalmente as negociações com a Grécia.
Um representante do governo grego, numa primeira reação ao texto preliminar das propostas europeias, disse: "Como eles podem exigir todas essas medidas no último minuto sem assegurar uma linha de sobrevivência para que atravessemos a próxima semana?"
Um representante europeu disse que uma reunião do Eurogrupo na segunda-feira pode debater maneiras de prover um financiamento emergencial para manter Atenas viva.
De acordo com a proposta preliminar da Europa, a Grécia precisa de 7 bilhões de euros até 20 de julho, quando deve fazer um resgate crucial de títulos junto ao Banco Central Europeu, e de mais 12 bilhões de euros até meados de agosto, quando vence outro pagamento ao BCE.
O documento não especifica como essas necessidades seriam atendidas, e representantes de países europeus disseram que os ministros das Finanças da Europa ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre um financiamento emergencial.
(Reportagem adicional de Alastair Macdonald, Philip Blenkinsop, Foo Yun Chee, Robert-Jan Bartunek, Tom Koerkemeier, Julien Ponthus, Francesco Guarascio, Julia Fioretti and Alexander Saeedy em Bruxelas, Michele Kambas e Matthias Williams em Atenas, Rene Wagner e Paul Carrel em Berlim e Crispian Balmer em Roma)