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Jaques Wagner assumirá Casa Civil e Mercadante vai para Educação, dizem fontes

Publicado 30.09.2015, 15:08
© Reuters. Ministro Jaques Wagner, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Defesa, Jaques Wagner, vai assumir a Casa Civil, no lugar de Aloizio Mercadante, que deve voltar para o Ministério da Educação, em uma decisão tomada pela presidente Dilma Rousseff para tentar apaziguar a base do governo, informaram à Reuters fontes do governo.

O lugar de Wagner, segundo uma das fontes, será ocupado por Aldo Rebelo, hoje na Ciência e Tecnologia, o que abriria caminho para a presidente usar a pasta para atrair novamente o PSB para o governo.

Dilma teve reunião na manhã desta quarta-feira com os três governadores da legenda -- Ricardo Coutinho, da Paraíba, Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, e Paulo Câmara, de Pernambuco – e durante o encontro tentou oferecer o ministério, mas não houve espaço. Ainda há resistência no PSB de voltar ao governo, com quem o partido rompeu em 2014 para lançar a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República.

A oferta de ministério foi feita a interlocutores do partido.

A presidente também já informou ao PMDB que Mercadante deixa o cargo, segundo uma das fonte, que pediu anonimato. A pressão do partido foi uma das razões para que Dilma desistisse de manter o ministro na pasta, como planejava. A presidente teria se convencido de que o preço a pagar por sua permanência seria politicamente alto, disse à Reuters um parlamentar próximo ao Planalto.

"Mercadante é um ótimo quadro, mas sua saída apazigua todos os ânimos, em toda a base", afirmou. No período em que esteve na Casa Civil, o ministro criou arestas em várias esferas, inclusive com o vice-presidente Michel Temer.

Até mesmo o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), em reunião com líderes das bancadas governistas, defendeu a saída de Mercadante – e também de também a saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda e de José Eduardo Cardozo da Justiça. Apesar da reação negativa dentro do governo, as declarações do deputado foram vistas como mais um sinal do desgaste do ministro.

Wagner disse a jornalistas após participar de reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados que ainda não fora oficializado o convite por Dilma, de quem recebeu um telefonema durante sua participação na comissão, mas não pode atender imediatamente. Segundo uma fonte, no entanto, a presidente e o ministro conversaram na terça-feira sobre a mudança.

O atual titular da Defesa, no entanto, fez algumas considerações sobre qual deve ser o papel da Casa Civil que, de acordo dele, precisa dialogar com todos e, pelo modelo de reforma ministerial em gestação no governo, ter funções distintas das executadas pela Secretaria de Relações Institucionais. [nE5N11700U]

Dilma teve na noite de terça-feira longa conversa com Mercadante para explicar a mudança de planos. Há 10 dias, a própria presidente havia garantido ao ministro que ele ficaria no cargo, apesar dos rumores de sua saída iminente.

Dilma havia convencido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que precisava de Mercadante no Palácio do Planalto e Lula, depois de uma conversa com o ministro em que pediu que ele então se afastasse da articulação política, concordou com sua manutenção na Casa Civil.

© Reuters. Ministro Jaques Wagner, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto

No entanto, a avaliação dentro do governo é que a saída de Mercadante agora facilitará a interlocução com a base. Ao mesmo tempo, amenizará a perda da Saúde pelo PT, já que o partido recupera a Educação, uma das suas reivindicações.

Dilma também deve oferecer hoje ao PMDB o Ministério da Cultura, o sétimo ministério para a legenda, respondendo a cobrança da bancada da Câmara, que exigia as duas pastas prometidas inicialmente. Parte dos deputados, especialmente a bancada do Rio de Janeiro, seria simpática a ideia. Caberá ao PMDB informar se aceita o arranjo.

No desenho atual, o partido ficará com sete ministérios, o mesmo número anterior à reforma, mas em uma configuração em que o primeiro escalão perde 10 cargos. Além de manter Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Portos, Aviação Civil, receberá Saúde, que tem o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, e possivelmente Cultura.

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