Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou com o seu principal índice em alta nesta quinta-feira, após sessão volátil, marcada por rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch Ratings e noticiário corporativo volumoso.
A recuperação na bolsa paulista encontrou suporte principalmente nos ganhos do pregão em Wall Street, resistindo à queda de commodities e manutenção do quadro conturbado na esfera política nacional.
O Ibovespa subiu 0,96 por cento, a 47.161 pontos. Na máxima, subiu 1 por cento e na mínima caiu 0,8 por cento.
O giro financeiro totalizou 15,76 bilhões de reais, inflado pela oferta pública de aquisição das ações ordinárias da Souza Cruz (SA:CRUZ3) pela sua controladora British American Tobacco (L:BATS), visando o fechamento de capital da empresa brasileira.
A Fitch cortou a nota de crédito do Brasil de "BBB" para "BBB-", último degrau que garante o chamado grau de investimento, enquanto manteve a perspectiva negativa para o rating.
Economistas disseram que a decisão já era esperada, mas que a manutenção da perspectiva negativa para a nota é um alerta de que o país precisa reagir.
Para o Goldman Sachs, a decisão da Fitch assim como a da Standard & Poor's em setembro são de modo geral negativas, mas não surpreendem dada a forte deterioração no ambiente macroeconômico e situação fiscal do país.
"Além disso, as limitações de políticas econômicas, particularmente evidentes no lado fiscal, e o contexto político instável e incerto reduzem muito a probabilidade de uma reviravolta significativa no sentimento e no desempenho macroeconômico no curto prazo", disse em nota a clientes.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 1,49 por cento, com o setor financeiro entre os destaques em Nova York, após o resultado do Citi e com números sobre a economia norte-americana também no radar.
Dados da BM&FBovespa (SA:BVMF3) mostraram que o saldo de capital externo na bolsa em outubro superava 3,15 bilhões de reais até o dia 13, com entradas líquidas em praticamente todas as sessões do mês - a exceção foi o dia 1º.
Segundo o operador de uma corretora em São Paulo, que pediu para não ter o nome citado, a considerar o fluxo de estrangeiros neste mês era para a Bovespa ter melhorado muito mais. "Mas a parte política está pesando demais", notou. No mês até esta quinta-feira, o Ibovespa acumula alta de 4,66 por cento.
DESTAQUES
=KROTON EDUCACIONAL disparou 11,57 por cento, após divulgar crescimento de 4 por cento na captação total de alunos de graduação no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2014, impulsionada pelo ensino à distância. O mercado também está no aguardo de evento da companhia de ensino com investidores no início da próxima semana.
=AMBEV avançou 3,86 por cento, endossando o fechamento positivo do Ibovespa, em meio a movimento de correção após queda de 7 por cento nos últimos dois pregões na esteira de incertezas sobre o impacto do acordo fechado por sua controladora Anheuser-Busch InBev para adquirir a rival SABMiller, em operação de mais de 100 bilhões de dólares.
=EMBRAER subiu 3,31 por cento, mesmo após divulgar recuo de 3,5 por cento na sua carteira de pedidos firmes a entregar (backlog) ao fim do terceiro trimestre na comparação com junho. A empresa afirmou ainda que entregou 50 por cento mais jatos no período que em igual intervalo de 2014.
=ITAÚ UNIBANCO caiu 1,66 por cento, pressionado após a decisão da Fitch sobre a nota de crédito do país, uma vez que papéis de bancos são vistos como os mais sensíveis a decisões de ratings. BRADESCO cedeu 0,35 por cento e BANCO DO BRASIL recuou 1,43 por cento. SANTANDER BRASIL foi exceção do setor no Ibovespa com alta de 1,01 por cento. O papel está na lista de ações difíceis de encontrar para aluguel, o que pode levar a movimentos de cobertura de posições.
=PETROBRAS reagiu na última hora de pregão, fechando com alta de 1,05 por cento nos papéis ordinários e de 0,5 por cento nas preferenciais, após passar boa parte da sessão pressionada pelo declínio dos preços do petróleo. Também repercutiam entre analistas as decisões da estatal de autorizar busca de parceiro estratégico para BR Distribuidora e de interromper análise de oferta de debêntures.
=VALE também reverteu as perdas de boa parte da sessão e terminou com as preferenciais de classe A em alta de 1,65 por cento e as ações ordinárias com acréscimo de 1,44 por cento, apesar de os preços à vista do minério de ferro na China terem recuado nesta quinta-feira, atingindo o menor patamar desde o fim de agosto. Após a decisão sobre o rating soberano, a Fitch ajustou notas e perspectivas de várias empresas brasileira, com a nota da Vale não sendo alterada, apenas sua perspectiva, para "negativa" de "estável".
=SOUZA CRUZ fechou em queda de 0,11 por cento nesta sessão, marcada pela oferta pública de aquisição das ações ordinárias pela sua controladora British American Tobacco, para fechamento de capital. O leilão movimentou 342.956.819 ações a 27,20 reais de um total de 343.644.170 ações em circulação habilitadas para a OPA, atingindo a adesão necessário para o cancelamento de registro da empresa na bolsa.