BRASÍLIA (Reuters) - A presidente afastada Dilma Rousseff fez nesta segunda-feira um apelo aos senadores que ainda estão indecisos sobre a votação no julgamento do impeachment para que não a condenem injustamente, ressaltando que todos serão julgados pela história.
"Lembrem-se do terrível precedente que a decisão pode abrir para outros presidentes que virão, governadores, prefeitos atuais e futuros. Condenar sem provas substantivas, condenar um inocente", afirmou Dilma em seu depoimento no Senado.
"Peço que façam justiça a uma presidente honesta, que jamais cometeu qualquer ato ilegal", continuou, urgindo para que votassem contra o impeachment.
Durante sua fala, Dilma ressaltou que o processo estava marcado "do início ao fim por um clamoroso desvio de poder. É isso que explica a absoluta fragilidade das acusações que contra mim são dirigidas".
Dilma fez várias referências ao julgamento a que foi submetida durante a ditadura militar, e disse que o sentimento de injustiça é o mesmo.
"Este é o segundo julgamento a que sou submetida em que a democracia tem assento, junto comigo, no banco dos réus... Apesar das diferenças, sofro de novo com o sentimento de injustiça e o receio de que, mais uma vez, a democracia seja condenada junto comigo", disse a presidente afastada.
Afastada desde maio, Dilma é acusada de crime de responsabilidade por atrasos de repasses do Tesouro Nacional ao Banco do Brasil (SA:BBAS3) no âmbito do Plano Safra e pela edição de decretos com créditos suplementares sem autorização do Congresso.
A defesa da petista tem reiterado que os repasses não constituem operação de crédito, o que seria vedado pela legislação, e que não há ato doloso da presidente que configure um crime de responsabilidade.
(Por Marcela Ayres e Maria Carolina Marcello)