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PF investiga financiamento ilegal de campanhas na Bahia e fraude no Ministério das Cidades

Publicado 04.10.2016, 15:39
© Reuters.  PF investiga financiamento ilegal de campanhas na Bahia e fraude no Ministério das Cidades

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Federal deflagrou operação nesta terça-feira para cumprir mandados de busca e apreensão como parte de investigações sobre um grupo suspeito de prática ilegal de financiamento de campanhas políticas na Bahia e de cometer fraudes em licitações em contratos do Ministério das Cidades, tendo entre os alvos o governador baiano, Rui Costa (PT).

Além de Rui Costa, também são investigados os ex-ministros das Cidades Mário Negromonte e Márcio Fortes, dos governos Lula e Dilma, de acordo com uma fonte da PF. Foram cumpridos ainda mandados de busca e apreensão na sede do PT em Salvador, na empreiteira OAS e na agência de comunicação Propeg, fundada na Bahia, acrescentou a fonte.

Em comunicado, a Polícia Federal informou que a chamada operação Hidra de Lerna deriva de acordos de delação premiada fechados no âmbito da operação Acrônimo, e que os mandados judiciais foram deferidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma vez que há investigados com foro privilegiado.

A Acrônimo, por sua vez, investiga suspeita de desvio de recursos públicos para a campanha de 2014 do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, também do PT, que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo da ex-presidente Dilma Rousseff. [nL2N1BR0FH]

De acordo com a Polícia Federal, a ação deflagrada nesta terça-feira envolve uma empreiteira, que não foi identificada no comunicado.

"Em uma das linhas de investigação a suspeita da PF é que os esquemas investigados realizassem triangulações com o objetivo de financiar ilegalmente campanhas eleitorais, para isso a empreiteira sob investigação contratava de maneira fictícia empresas do ramo de comunicação especializadas na realização de campanhas políticas, remunerando serviços prestados a partidos políticos e não à empresa do ramo de construção civil", afirmou a PF em comunicado.

"Em outra direção a PF pretende investigar a ocorrência de fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades", acrescentou.

Rui Costa foi eleito governador da Bahia nas eleições de 2014 para suceder o também petista Jaques Wagner, garantindo um terceiro mandato consecutivo do PT no governo baiano.

Já os ex-ministros Negromonte e Fortes ocuparam o comando do Ministério das Cidades nos governos dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma, o primeiro sucedendo o segundo à frente da pasta. Fortes também teve passagem como presidente da Autoridade Pública Olímpica, ligada à realização dos Jogos Rio 2016, entre 2011 e 2013.

O diretório estadual do PT na Bahia confirmou que a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na sede do partido em Salvador relacionado à campanha de 2014, e que recolheu documentos das secretarias de Finanças e de Organização após arrombar as portas da sede do partido em Salvador.

"O PT sempre esteve à disposição da Justiça, mas nunca foi procurado para prestar qualquer informação. Por isso, considera desnecessários o arrombamento e o sensacionalismo desta ação. Este é mais um ataque contra o partido e contra a democracia, por diversos motivos inclusive pela votação do PT e partidos aliados na Bahia contra o golpe na votação da Câmara e no Senado", disse o diretório em nota oficial.

Não foi possível fazer contato com representantes de Negromonte e Fortes.

O Ministério das Cidades informou, em nota, que não recebeu qualquer notificação sobre operação da PF envolvendo recursos da pasta e que, quando notificado, terá condições de avaliar do que se trata e a capacidade de instaurar processos administrativos disciplinares para investigar a denúncia.

Procurada, a OAS disse que não vai se manifestar, enquanto a Propeg não respondeu de imediato a um pedido de posicionamento enviado por email.

O nome Hidra de Lerna foi escolhido para a operação, de acordo com a PF, em referência à figura monstruosa da mitologia helênica que, ao ter a cabeça cortada, ressurge com duas cabeças. "A operação Acrônimo, ao chegar a um dos líderes de uma organização criminosa, se deparou com uma investigação que se desdobra e exige a abertura de dois novos inquéritos", disse a PF.

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