ISTAMBUL (Reuters) - A polícia da Turquia deteve 73 acadêmicos durante operações realizadas na madrugada desta sexta-feira visando seguidores do clérigo Fethullah Gulen, que mora nos Estados Unidos e foi acusado por Ancara de orquestrar uma tentativa de golpe de Estado em julho, relatou a agência estatal de notícias Anadolu.
Cerca de 110 mil pessoas foram demitidas ou suspensas nas Forças Armadas, no funcionalismo público, no Judiciário e em outros setores, e 36 mil estão presas à espera de julgamento, como parte da investigação sobre o golpe fracassado no qual mais de 240 pessoas morreram. Gulen nega envolvimento.
Procuradores de Istambul emitiram mandados de prisão para 103 docentes acusados de "filiação a um grupo terrorista armado" na investigação da Universidade Técnica de Yildiz, disse a agência.
A polícia fez buscas nas casas e nos escritórios dos acadêmicos, e os suspeitos foram levados a hospitais para exames médicos de rotina e depois para o quartel-general da polícia de Istambul, segundo a Anadolu.
Acredita-se que alguns usavam um aplicativo de mensagens de smartphone chamado ByLock, que, segundo Ancara, os seguidores de Gulen começaram a utilizar em 2014.
Na quinta-feira, autoridades judiciais dispensaram 203 juízes e procuradores por laços com o que o governo classifica como "Grupo Terrorista Gulenista".
Grupos de direitos humanos e alguns aliados ocidentais expressaram temor com a abrangência dos expurgos, temendo que o presidente turco, Tayyip Erdogan, esteja usando o golpe como pretexto para conter a dissidência.