Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O ano começou com resultados melhores do que o esperado para a indústria do Brasil, diante do aumento da produção de bens intermediários, sinal de alguma melhora para atividade.
Em janeiro, a produção da indústria teve recuo de 0,1 por cento em relação ao mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. A expectativa em pesquisa da Reuters era de queda de 0,35 por cento.
Já na comparação com o mesmo mês de 2016, a indústria interrompeu 34 meses seguidos de quedas para subir 1,4 por cento, contra avanço esperado de 1,10 por cento. Esse resultado representa ainda a melhor leitura para janeiro nessa base de comparação desde 2013 (+6,5 por cento).
"Aquele comportamento de queda frequente e disseminada parece que ficou para trás. Não quer dizer que a retomada vai ser consistente daqui para frente, mas parece que o fundo do poço está acabando. A boa notícia é que não está aprofundando mais", disse o economista do IBGE André Macedo.
O setor terminou 2016 com queda de 6,6 por cento na produção, no terceiro ano seguido de perdas, afetado pela pior recessão já vivida pelo Brasil.
Os dados do IBGE mostraram que a categoria de Bens Intermediários apresentou alta de 0,7 por cento na comparação mensal e de 0,8 por cento na anual. Os Bens de Consumo subiram 0,3 e 2,3 por cento, respectivamente.
O grupo Bens de Capital, uma medida de investimento, mostrou contração de 4,1 por cento em janeiro sobre dezembro, mas subiu 3,3 por cento na comparação com um ano antes.
O IBGE informou ainda que, dos 24 ramos pesquisados, 12 apresentaram taxas negativas em janeiro na comparação mensal, com destaque para o recuo de 10,7 por cento em veículos automotores, reboques e carrocerias.
Na outra ponta, a produção de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis avançou 4,0 por cento e a de produtos farmoquímicos e farmacêuticos teve alta de 21,6 por cento.
Depois de sofrer com a recessão e fraqueza da confiança, indicadores sobre o setor já vinham apontando alguma melhora este ano. Em fevereiro, a contração da indústria perdeu força segundo o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
A confiança apurada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) avançou com força em janeiro e voltou a cair no mês seguinte, porém num movimento de acomodação. A FGV não descarta nova melhora, diante de sinais mais favoráveis da economia como a queda dos juros.