GRAND RAPIDS, EUA (Reuters) - O Federal Reserve deveria esperar até que haja sinais claros de que os salários e os preços nos Estados Unidos estão subindo antes de elevar a taxa de juros novamente, disse nesta segunda-feira o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, alertando que uma mudança muito rápido seria um erro de política monetária.
Evans, que vota neste ano nas decisões de política monetária, disse que concorda com seus colegas que acreditam que os juros devem subir gradualmente para cerca de 2,7 por cento ao longo dos próximos dois anos, ante a faixa atual entre 1 e 1,25 por cento.
Mas ele disse que a inflação, que está em 1,4 por cento pelo indicador preferido do Fed, está muito baixa, expressando preocupações de que as baixas expectativas de inflação possam impedi-la de atingir a meta de 2 por cento do Fed.
"Precisamos ver sinais claros de avanço das pressões sobre salariais e de preços antes de dar o próximo passo na remoção do estímulo", disse Evans em declarações preparadas para o Clube Econômico de Grand Rapids. "Uma abordagem gradual e cautelosa continua a ser a estratégia apropriada".
As declarações dele contrastam com o tom confiante adotado pelo presidente do Fed de Nova York, William Dudley, que nesta segunda-feira disse que a fraqueza da inflação está desaparecendo.
O Fed elevou a taxa de juros duas vezes neste ano e na semana passada as autoridades indicaram mais uma alta neste ano e três no próximo. A chair do Fed, Janet Yellen, disse que esses aumentos são justificados pelas melhorias no mercado de trabalho e pela convicção de que a inflação retornará para 2 por cento até 2019.
Evans disse que ele está menos otimista quanto à inflação. Fazer a inflação voltar para 2 por cento no médio prazo, afirmou, pede políticas que gerem pelo menos a possibilidade de que a inflação possa exceder 2 por cento.
"Devemos evitar tomar medidas de política monetária que possam ser mal interpretadas como uma falta de preocupação com a perspectiva de inflação", disse Evans. "Na minha opinião, isso seria um erro de política monetária que atrasaria ainda mais atingir nosso objetivo de inflação".
(Por Ann Saphir)