SÃO PAULO (Reuters) - Os preços do gás de botijão e dos combustíveis pressionaram e a prévia da inflação oficial acelerou em outubro dentro do esperado, mas ainda abaixo da meta do governo e mantendo o caminho aberto para que o Banco Central continue reduzindo a taxa básica de juros.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,34 por cento em outubro, após alta de 0,11 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
No acumulado em 12 meses, o indicador avançou 2,71 por cento e voltou a acelerar após dois meses de fraqueza contínua. Em setembro, a alta acumulada foi de 2,56 por cento, a mais fraca em 18 anos.
Ainda assim, o IPCA-15 continuou abaixo da meta do governo para 2017, de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters de alta de 0,35 por cento na variação mensal e de 2,70 por cento em 12 meses, de acordo com a mediana das projeções dos analistas.[nL2N1MR0UE]
Segundo o IBGE, a principal pressão individual para o resultado de outubro do IPCA-15 foi o aumento de 5,72 por cento no preço do gás de botijão, após a Petrobras (SA:PETR4) anunciar três reajustes nas distribuidoras entre setembro e outubro. Assim, os preços do grupo Habitação aceleraram a alta a 0,66 por cento, frente a 0,26 por cento em setembro.
O grupo Transportes também foi afetado pelos preços mais altos dos combustíveis, com alta de 0,60 por cento em outubro. Neste período, a gasolina subiu 1,45 por cento, ainda que desacelerando ante a taxa de 3,76 por cento de setembro.
O grupo Alimentação e Bebidas, com importante peso sobre o orçamento das famílias, reduziu o ritmo de queda no mês a 0,15 por cento, depois de deflação de 0,94 por cento em setembro.
O cenário atual de inflação dá força para os planos do BC de diminuir o ritmo de corte de juros, o que já é esperado para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. O BC cortou a Selic em 1 ponto percentual em setembro, a 8,25 por cento.
"Espero corte de 0,75 ponto percentual (da Selic) na semana que vem e para o fim do ano tenho Selic a 7 por cento, mas vou esperar a reunião para ver se corrijo essa projeção para baixo", afirmou a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack.
(Por Camila Moreira)