Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Em meio a internação do presidente Michel Temer, a base alinhada ao Palácio do Planalto tenta atingir quórum para votar o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), contrário ao prosseguimento da acusação criminal contra ele e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
A internação de Temer em um hospital em Brasília nesta quarta-feira por causa de uma obstrução urológica repercutiu durante a sessão.
Decano da Câmara, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) pediu a palavra e afirmou que o plenário da Casa precisa ser "devidamente informado" sobre o que está se passando com Temer. Miro desejou "pronto restabelecimento" ao presidente.
Aliados de Temer, por outro lado, procuraram minimizar o episódio, tratado como um episódio de desconforto do presidente. A ordem dos governistas é manter a votação da denúncia, tentando alcançar o quórum mínimo de votação, que é de 342 deputados.
O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse ter recebido a confirmação do Palácio do Planalto da internação de Temer e que a orientação era de seguir com a sessão da votação da denúncia.
Um dos vice-líderes do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), disse que em breve Temer estará de volta ao Palácio do Planalto para reassumir suas funções. Ele disse que a situação não tem qualquer "gravidade", em resposta a dúvida levantada por Miro Teixeira.
Outro vice-líder do governo, Beto Mansur (PRB-SP), disse ter falado duas vezes ao telefone com Temer, a última delas cerca de meia hora antes das primeiras notícias de que ele teria passado mal.
Em nota, o Palácio do Planalto disse que Temer foi submetido a uma sondagem vesical de alívio por vídeo após dar entrada em um hospital de Brasília devido a uma obstrução urológica, e deverá ter alta ainda nesta quarta-feira.
QUÓRUM
A oposição teve sucesso na sessão aberta na manhã desta quarta-feira e evitou que se alcançasse o quórum necessário para começar a votação. O governo até tentou uma manobra para forçar a presença de deputados em plenário, com a apresentação de um requerimento para adiar a votação do caso.
A intenção era fazer com que todos os deputados registrassem presença, sob pena de correrem o risco de terem desconto em seus contracheques.
Mas a estratégia não vingou, o requerimento foi rejeitado e a primeira sessão perdeu a validade por falta de quórum - chegou a alcançar 332 presentes, 10 a menos do que o mínimo necessário.
Às 14h30, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abriu uma nova sessão para tentar apreciar a denúncia. Até às 16h11, 300 deputados haviam registrado presença em plenário. A ordem dos aliados do Planalto é pedir para deputados de partidos da base registrarem presença, mesmo que queiram votar pelo prosseguimento da acusação.
Deputados da base até pediram para que Rodrigo Maia reconsidere a sua decisão para somente colocar em votação a denúncia quando se atingir 342 presentes. O presidente da Câmara, contudo, rejeitou a sugestão.