Por Michael O'Boyle
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O triunfo do diretor Guillermo del Toro no Oscar e o prêmio de melhor animação para o filme "Viva – A Vida é Uma Festa" foram recebidos pelos mexicanos na segunda-feira como um sinal da influência cultural de seu país nos Estados Unidos, apesar das crescentes tensões durante o governo Trump.
A conquista do prêmio de melhor diretor por Del Toro com "A Forma da Água", uma fábula sobre os maus-tratos sofridos pelos oprimidos, marcou a quarta vez em que um mexicano levou a estatueta para casa nos últimos cinco anos, após os sucessos de Alfonso Cuarón e Alejandro González Iñárritu.
A consagração de cineastas mexicanos em Hollywood se contrasta com os repetidos ataques de Trump contra o vizinho do sul, que tiveram início quando ele lançou sua campanha dizendo que imigrantes mexicanos são estupradores e assassinos.
No México, as manchetes se gabavam: "México domina o Oscar","Oscar 2018: Noite do México" e "Del Toro pinta o Oscar de verde, branco e vermelho", as cores da bandeira do país.
Em seu discurso de agradecimento, Del Toro celebrou sua herança de imigrante e provocou Trump de maneira velada, que quer construir um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México para conter a imigração ilegal.
"A melhor coisa que nossa arte faz e nossa indústria faz é apagar as linhas na areia", disse Del Toro. "Devemos continuar a fazer isso quando o mundo nos diz para torná-las mais profundas".
Latinos residentes nos Estados Unidos e mexicanos em casa comemoraram sua vitória.
"Foi empolgante de se ver", disse Gaz Alazraki, cineasta mexicano que produz a série "Club de Cuervos" do Netflix.
"Guillermo falou em nome de todos os sonhadores. Com seu sucesso, ele é um símbolo do que os Estados Unidos significam para os estrangeiros desde sempre", disse à Reuters.
O sucesso da animação "Viva - A Vida é uma Festa" também foi celebrado como um avanço por colocar tradições mexicanas e a vida em pequenos vilarejos do país no centro de um filme da Disney.