Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - Os preços do diesel e da gasolina praticados pela Petrobras (SA:PETR4) nas refinarias serão elevados na terça-feira aos maiores patamares desde que a petroleira iniciou, em julho do ano passado, uma nova sistemática de formação de cotações, com reajustes quase que diários.
O valor do diesel, combustível mais consumido no país, será elevado em 0,76 por cento, para 1,9988 real por litro, enquanto o da gasolina passará para 1,7229 real, alta de 0,92 por cento.
Os preços desses combustíveis vêm renovando máximas desde a semana passada, na esteira de ganhos no mercado de petróleo e gasolina no exterior, em razão de cortes de produção liderados pela Opep, demanda global fortalecida e, mais recentemente, tensões geopolíticas no Oriente Médio e fortalecimento do dólar ante o real.
O diesel da Petrobras avançou 6,4 por cento só na semana passada, enquanto a gasolina ganhou 3,8 por cento no mesmo período.
A política de formação de preços da petroleira visa seguir as oscilações internacionais nos mercados de petróleo e seus derivados, entre outros fatores, de modo a tentar manter alguma paridade em relação ao exterior.
Desde o início dessa nova sistemática, em julho, o diesel e a gasolina nas refinarias da Petrobras subiram 26,8 e 24,5 por cento, respectivamente.
Em nota no final do dia, a Petrobras afirmou em seu site que não tem o poder de formar preços de commodities como os combustíveis.
"O que a companhia faz é refletir essa variação de preço do mercado internacional. Como o valor desses combustíveis acompanha a tendência internacional, pode haver manutenção, redução ou aumento nos preços praticados nas refinarias e terminais", afirmou a companhia.
A Petrobras reiterou ainda que as revisões de preços feitas pela Petrobras podem ou não se refletir no preço final ao consumidor. "Como a legislação brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, a mudança no preço final dependerá de repasses feitos por outros integrantes da cadeia de combustíveis."
POSTOS
Nas bombas, os reajustes por distribuidoras e revendedoras não acompanharam os realizados pela Petrobras na última semana.
Pelos dados mais recentes da reguladora ANP, o preço médio da gasolina no Brasil fechou a semana passada em 4,208 reais por litro, leve baixa ante os 4,217 reais da semana imediatamente anterior.
Em paralelo, o diesel registrou média nacional na semana passada de 3,410 reais, alta de 0,41 por cento ante o período anterior. O preço do combustível nos postos, segundo a ANP, está em máxima histórica nominal (sem considerar a inflação).
"O mercado não repassa isso de imediato. Esse modelo (da Petrobras) subtrai em um dia, repõe no outro, e o varejo não vai na mesma velociadade, há uma certa inércia. O varejo precisa olhar seus estoques, não têm estrutura para reajustar todos os dias", explicou Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol Bioagência e especialista no mercado de combustíveis.
"Qual a tendência a partir de agora? É o preço da gasolina se estabilizar ou subir. Já o do etanol, cair", acrescentou Rodrigues, referindo-se ao concorrente direto da gasolina e mencionando a maior produção de álcool decorrente do início da nova safra no centro-sul do Brasil.
Com efeito, as cotações do hidratado nas usinas de São Paulo, principal produtor do país, cederam 7,80 por cento na semana passada. O valor do anidro, misturado em 27 por cento à gasolina, recuou 9,3 por cento.
Nas bombas, o preço do hidratado fechou semana passada em 3,019 real por litro, na média Brasil, contra 3,055 na semana anterior. Em São Paulo, onde a incidência de ICMS é menor, porém, o produto está em 2,848 real por litro, segundo a ANP.
"Hoje, o consumidor olha os preços do combustível no posto de abastecimento e vê o preço da gasolina com o numeral 4 na frente e o etanol com 2 e ele nem faz muita conta", destacou o diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, em relatório, projetando maior demanda pelo biocombustível.
(Com reportagem adicional de Roberto Samora)