Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou com fortes quedas nesta terça-feira, conforme investidores seguem apreensivos com o cenário eleitoral e o ritmo da atividade econômica no país, tendo as ações de bancos entre as principais pressões negativas do Ibovespa na sessão.
O principal índice de ações da B3 fechou em queda de 2,49 por cento, a 76.641 pontos, perto da mínima da sessão, de 76.412 pontos.
O volume financeiro no pregão alcançou 12,1 bilhões de reais.
"Agora é hora de ficar muito defensivo em bolsa", afirmou o gestor e diretor da Rio Bravo Investimentos, Eduardo Levy, acrescentando que o noticiário dos últimos dois meses tem sido bastante negativo, composto por dados de atividade mais fracos que o esperado e cenário político "extremamente incerto".
Segundo ele, o que mais preocupa é a falta de candidato pró reformas que pareça poder despontar nas eleições. "Há uma preocupação séria do mercado já neste momento, antes mesmo de os candidatos oficalizarem a suas candidaturas", afirmou.
Nesta terça-feira, repercutiu no mercado pesquisa com os pré-candidatos considerados reformistas pelo mercado mostrando desempenho fraco, enquanto nomes de oposição, vistos como 'mais arriscados', ganharam espaço.
Profissionais da área de renda variável também citaram que a bolsa segue fragilizada pela saída de estrangeiros, com maio registrando saldo negativo de 8,4 bilhões de reais e junho começando com saída líquida de quase 1 bilhão de reais.
Levy destacou que o quadro externo está menos favorável a ativos de risco, o que influencia o movimento dos estrangeiros, mas avalia que o "efeito doméstico é maior na precificação dos ativos financeiros neste momento".
O gestor Marco Tulli Siqueira, da mesa de operações de Bovespa da Coinvalores, ainda chamou a atenção para o impasse em resolver a questão relacionada aos preços dos combustíveis, "o que acaba pesando em Petrobras, papel com peso relevante no Ibovespa".
No final da manhã, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que não há espaço para subsídio para a gasolina.
No exterior, o índice MSCI de ações de mercados emergentes cedeu 0,27 por cento. Em Wall Street, os principais índices acionários encerraram com leves variações, sem direção única.
DESTAQUES
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) caiu 4,81 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) recuou 3,1 por cento, pressionados pela piora na percepção sobre os ativos brasileiros em meio às incertezas nos campos político e econômico no país. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) fechou com um tombo de 6,37 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) cederam 5,36 e 3 por cento, respectivamente, conforme persistem as dúvidas em relação à autonomia da petroleira de controle estatal. Investidores também monitoram notícias sobre a política de preços da companhia e as negociações sobre o acordo de cessão onerosa.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) desabou 8,15 por cento, e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) caiu 7,81 por cento, após decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região suspendendo o processo de privatização de distribuidoras de eletricidade da companhia que atuam no Norte e Nordeste.
- VIA VAREJO UNIT (SA:VVAR11) despencou 7,99 por cento, em sessão negativa para o setor de consumo como um todo.
- VALE (SA:VALE3) subiu 2,3 por cento, em meio à alta do preço do minério de ferro à vista na China.
- GERDAU PN (SA:GGBR4) valorizou-se 1,76 por cento, tendo como pano de fundo um relatório do Morgan Stanley (NYSE:MS) elevando a classificação das ações para 'overweight', com preço-alvo de 19 reais ante 18,3 reais anteriormente. O papel fechou a segunda-feira a 15,87 reais.
- BRF (SA:BRFS3) fechou em alta de 0,74 por cento, mas chegou a valorizar-se 4,76 por cento, na máxima da sessão, após notícias sobre uma eventual fusão com Minerva (SA:BEEF3), que não está no Ibovespa e encerrou o dia com elevação de 4,58 por cento, também longe da máxima, quando subiu 9,67 por cento. Procuradas pela Reuters, a BRF não tinha comentários imediatos, enquanto Minerva disse que não comentava rumores de mercado.