Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - A notícia de que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, estaria se preparando para deixar a instituição até o final do ano acabou pressionando o dólar nos minutos finais da sessão.
A moeda norte-americana aprofundou a alta com que já trabalhava desde mais cedo e terminou acima de 1 por cento de valorização no mercado à vista, movimento que se estendeu pontualmente no dólar futuro, que continua sendo negociado após o pregão.
A notícia, veiculada pela Bloomberg, pegou alguns investidores de surpresa, sobretudo pelo 'timing' em que ocorreu, no meio de um processo eleitoral bastante polarizado.
"Achei ruim pelo momento, traz um ruído desnecessário", comentou um profissional da mesa de derivativos de uma instituição local.
Ilan Goldfajn goza de muita credibilidade junto ao mercado financeiro, depois de uma gestão que conseguiu conter a alta da inflação e ancorar as expectativas dos agentes, até o momento.
"Ele está fazendo uma ótima presidência no BC e é claro que o mercado gostaria que ele ficasse. Mas o mercado tem confiança no Paulo Guedes, acho que foi um susto inicial", acrescentou o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer.
Assessor econômico do candidato Jair Bolsonaro (PSL) --que lidera a disputa à Presidência da República--, Paulo Guedes é o principal responsável pelo apoio que o ex-capitão tem recebido do mercado financeiro. Liberal, ele é responsável pelas propostas que passam pelo ajuste do estado e reformas fiscais.
"Sem ele no BC, um dos sonhos não vai acontecer... o novo governo ficar com Ilan e toda a diretoria, mesmo que num prazo combinado", acrescentou o economista do banco Fator José Francisco de Lima Gonçalves.