Rio de Janeiro, 24 ago (EFE).- A presidente Dilma Rousseff afirmou neste domingo que a Petrobras, que vem sendo alvo de várias denúncias de corrupção nos últimos meses, está acima das irregularidades que possam ter sido cometidas por dirigentes e responsáveis da companhia.
"O Brasil e nós todos temos que aprender que se pessoas cometeram erros, malfeitos, crimes, atos de corrupção, isso não significa que as instituições tenham feito isso", afirmou a chefe de Estado em entrevista coletiva na qual foi questionada se os escândalos da Petrobras podem prejudicar sua campanha eleitoral.
A chefe de Estado acrescentou que, apesar das denúncias, a empresa tem que ser preservada como uma instituição, já que não se pode confundir pessoas com instituições.
"A Petrobras é muito maior do que qualquer agente dela, diretor ou não, que cometam crimes, equívocos e que sejam condenados. Isso não significa condenação da empresa. Homens e mulheres falham, não as instituições. A Petrobras está acima disso", afirmou.
A estatal é investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas da União e pelo próprio Congresso por diferentes irregularidades, entre as quais a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que gerou um prejuízo milionário para a empresa.
Por esse último caso, os bens de vários ex-dirigentes da companhia foram bloqueados e o Tribunal de Contas da União analisa a possibilidade de estender o embargo às propriedades da atual presidente Graça Foster.
Dilma defendeu a presidente da Petrobras em várias oportunidades, inclusive quando a executiva foi acusada de ter transferido parte de seus bens para familiares em uma tentativa de evitar que os mesmos fossem afetados por um possível bloqueio.
A governante, no entanto, não quis comentar sobre as versões que o ex-diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, está negociando um acordo de delação premiada com a Justiça e a Polícia Federal.
Costa foi preso na Operação Lava-Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, e até agora negou qualquer irregularidade, mas, segundo seus advogados, está disposto a fazer a delação premiada.
Sobre essa possibilidade, Dilma disse que não pode comentar decisões de "uma pessoa presa".
Na mesma entrevista, a presidente afirmou que atualmente está mais preocupada com sua própria campanha eleitoral do que com seus adversários e o novo cenário político com a confirmação de Marina Silva como candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no lugar de Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo no último dia 13.
Sobre as críticas de seus adversários, Dilma apenas comentou uma declaração na qual Marina Silva afirmou que o Brasil não necessita de um "gerente".
"Essa história de que o país não precisa ter um cuidado na execução de suas obras e uma obrigação de entregá-las é uma temeridade. Ou é quem nunca teve experiência administrativa e não sabe que é fundamental para um pais da complexidade do Brasil dar conta de tudo, de obras, do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, e das relações políticas", afirmou.