Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar não conseguiu sustentar a baixa do início dos negócios e fechou a quarta-feira praticamente estável ante o real, com a cautela com eventual guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dividindo as atenções com os dados robustos da China.
O dólar recuou 0,03 por cento, a 3,2610 reais na venda. Na mínima deste pregão, a moeda norte-americana foi a 3,2470 reais e, na máxima, a 3,2681 reais.
O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,05 por cento no final da tarde.
"Há risco de guerra comercial", afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Depois de anunciar taxas de importação para aço e alumínio, Trump ameaça agora impor tarifas sobre 60 bilhões de dólares de importações chinesas pelos Estados Unidos, elevando os temores de guerra comercial.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas, mas recuava sobre divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
Em boa parte da sessão, o dólar recuou ante o real sustentado pelos dados robustos da China, que impulsionaram os preços das commodities.
Pequim anunciou mais cedo que sua produção industrial cresceu 7,2 por cento entre janeiro e fevereiro, muito mais rápido do que o esperado no início do ano, sugerindo que a economia pode estar ganhando força.
Nos Estados Unidos, as vendas no varejo caíram pelo terceiro mês consecutivo em fevereiro, em meio à percepção dos mercados financeiros de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não vai elevar os juros mais do que o esperado.
O Fed vem indicando que elevará os juros três vezes neste ano, de forma gradual, e um movimento mais forte do que o esperado aumentaria o potencial de atrair para os Estados Unidos recursos aplicados hoje em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
Apesar disso, pesquisa Reuters com diversos economistas mostrou que as projeções passaram a incluir alta adicional nos juros, totalizando quatro em 2018. O levantamento também apurou que as tarifas de importação do presidente Donald Trump farão mais mal do que bem para a economia dos EUA.
O Fed elevará os juros na próxima semana, disseram todos os 104 economistas entrevistados pela Reuters entre 5 e 13 de março, com mais três altas esperadas para este ano, impulsionadas pelo sólido mercado de trabalho. No levantamento feito há algumas semanas, as projeções eram de três altas neste ano.
O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão toda a oferta de até 14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril. Dessa forma, já rolou 2,1 bilhão de dólares do total de 9,029 bilhões de dólares.
Se mantiver esse volume e vendê-lo integralmente, o BC rolará o valor total dos swaps que vencem no próximo mês.