Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de papelão ondulado no Brasil, um dos indicadores da saúde da economia do país, devem ficar entre alta e queda de 1 por cento em 2016, depois de amargarem recuo de 3,5 por cento este ano, estimou nesta quinta-feira a presidente da associação que representa o setor, ABPO, Gabriela Michelucci.
A maior parte da queda projetada para 2015 vem do segmento de embalagens para a indústria de alimentos, que representa cerca de 60 por cento do volume comercializado no Brasil, disse ela. O recuo deve se propagar ao longo do primeiro trimestre do próximo ano.
"Para nós o que é muito forte no Brasil além dos alimentos é o setor de bebidas, mas ele já registra queda de quase 6 por cento no ano. Você não tem nada contrapondo uma melhoria, em termos de recuperação", afirmou Michelucci, que também é diretora de papelão ondulado da produtora e exportadora de papéis Klabin (SA:KLBN4).
As festas de fim de ano não devem dar fôlego em novembro e dezembro ao setor, que costuma antecipar as compras para setembro e outubro para fazer os estoques antes do Natal.
"Dezembro e normalmente os meses mais extremos do calendário são os que têm volumes mais baixos de papelão ondulado", afirmou.
Em outubro, as vendas recuaram 4,42 por cento sobre o mesmo mês do ano passado, mas cresceram 6,64 por cento sobre setembro neste movimento de estocagem, de acordo com a entidade. No ano, até o outubro, a baixa acumulada é de 3,33 por cento.
Nesse cenário, todas as empresas de papelão fizeram adaptações nas jornadas de trabalho de funcionários, segundo Michelucci. "De maneira geral, a indústria fez um enxugamento, mas não grande o bastante para gerar impacto no mercado", disse.
Segundo ela, o setor acumula redução de cerca de 450 postos de janeiro a agosto, do quadro total próximo de 26.500. O número envolve posições que as empresas deixaram de repor e diminuição do uso de mão de obra temporária, disse ela.