Manágua, 30 ago (EFE).- O espanhol Baltasar Garzón, advogado do fundador de Wikileaks, Julian Assange, afirmou nesta quinta-feira que "está claro" que nos Estados Unidos "há uma investigação sendo feita em sigilo" contra seu cliente.
Garzón, que se reuniu em Manágua com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, disse que Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres, solicitou garantias mínimas para responder às autoridades suecas pelos crimes sexuais dos quais está sendo acusado.
"Julian Assange tem que se apresentar perante a justiça sueca, e desde o início pretende fazer isso, só que exige uma série de garantias mínimas que evitem sua extradição ou a possibilidade de entrega a um terceiro país, neste caso, os EUA", disse o advogado, que chegou à Nicarágua ontem para se reunir com o presidente do país.
Garzón disse que apesar de os EUA não reivindicarem oficialmente a presença de Assange, "está claro que há uma investigação feita em sigilo que preocupa muito".
O advogado advertiu que Assange pode receber o mesmo tratamento que está sendo dado ao soldado americano Bradley Manning, "acusado pelo mesmo caso".
Manning, de 24 anos, é acusado de ter promovido o vazamento de documentos da história americana e enfrenta 22 denúncias, a mais grave por ajudar o inimigo, pela qual pode ser condenado à prisão perpétua.
Um dos advogados do soldado, David Coombs, denunciou que Manning está preso em uma cela de 1x2 metros, dorme nu, é vigiado o tempo todo, só tem 20 minutos ao ar livre e, em algumas ocasiões, foi "acossado" por seus guardas.
Garzón, que coordena a defesa de Assange em nível internacional, disse esperar que "se execute" o asilo a favor de seu cliente e que o "Reino Unido outorgue o salvo-conduto que lhe permita viajar até o Equador".
O advogado considerou que pretendem processar seu cliente por "uma ação que não tem como motivo uma atividade delitiva, mas o exercício da profissão e da liberdade de expressão, no sentido de ter publicado uma série de documentos que afetam um país ou que afetam determinadas instituições".
Por sua vez, o presidente Ortega expressou seu apoio ao colega equatoriano, Rafael Correa, por conceder asilo a Assange e a Garzón por assumir "a coordenação nesta batalha, onde se trata de defender princípios".
"Como Garzón bem diz, trata-se de defender princípios e preservar a vida de Julian Assange, que eventualmente poderia terminar condenado à morte nos EUA", advertiu o líder.
O Equador concedeu asilo a Assange por considerar que ele não recebeu garantias do Reino Unido e da Suécia de que não será extraditado aos EUA, onde considera que sua vida correria perigo. EFE