Por Olivia Oran
(Reuters) - Após gastar bilhões de dólares em reformas pós-crise do setor financeiro norte-americano, os bancos agora temem que o governo Trump suspenda ou mude significativamente as regras.
Os grandes bancos dos Estados Unidos coletivamente gastaram dezenas de bilhões de dólares para aderir a um vasto conjunto de regras conhecidas como Dodd-Frank, promulgada em 2010, após a crise financeira que desencadeou uma grande recessão.
Para ficar aderente às regras, a indústria contratou dezenas de milhares de funcionários, montou novos sistemas tecnológicos, simplificou estruturas corporativas e dobrou o nível de capital.
Os bancos reclamaram muito contra as mudanças propostas pelo Dodd-Frank enquanto estava sendo esboçado e convenceram reguladores a explicitar as regras. Agora que o aparato foi feito e grande parte está em vigor, a indústria vê uma suspensão total mais como ameaça do que uma vantagem.
A Dodd-Frank deixou os bancos mais seguros e o antes opaco mercado de derivativos, mais transparente, disseram executivos do setor bancário.
Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro, e alguns legisladores importantes no Congresso Republicano se comprometeram a desmantelar a lei e substituí-la por outra.
Ainda não está claro como seria a mudança, mas o republicano do Texas Jeb Hensarling, que preside o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, elaborou um plano chamado The Choice Act.
A proposta mistura coisas que a indústria apoia em grande parte, como abolir a US Consumer Financial Protection Bureau (CFPB), e algumas ideias contra as quais Wall Street se opõe veementemente, como aumentar exigências de capital para um nível que provavelmente forçaria grandes bancos a se dividirem.
As propostas também podem ter dura oposição de democratas, em especial a senadora Elizabeth Warren, arquiteta do CFPB. Qualquer grande mudança na regulamentação pode levar vários anos para implementar e introduzir mais custos, disseram advogados.
Executivos de bancos, advogados e consultores que conversaram com a Reuters disseram que esperam ser possível reverter alguns elementos da Dodd-Frank que consideram demasiado onerosos ou equivocados, sem suspender toda a lei.
Por exemplo, muitos querem ver a queda da regra Volcker, que restringe a negociação proprietária, criada para evitar que os bancos segurados pelo governo federal especulem nos mercados.
Alguns bancos estão revendo iniciativas de conformidade até ficar mais claro o que vai acontecer em Washington.