Por Marco Trujillo e Jordi Rubio e Joan Faus
BARCELONA (Reuters) - Milhares de pessoas se reuniram em Barcelona no quarto dia de protestos que levaram à pior violência de rua na Espanha em décadas, depois que líderes catalães foram condenados a longas penas de prisão pela tentativa de independência em 2017.
Jovens envoltos em bandeiras catalãs se reuniram pacificamente, jogando bolas e pulando corda. Mais tarde, o clima ficou pesado, com manifestantes ateando fogo em cadeiras na badalada rua Rambla de Catalunya, no coração do distrito turístico.
No início do dia, milhares de estudantes foram às ruas, alguns atirando ovos contra a polícia com escudos de choque. Passeatas de toda a região devem convergir para Barcelona na sexta-feira e os sindicatos convocaram uma greve geral para o dia.
"Não é sobre quem é separatista e quem não é - é sobre direitos humanos", disse Aila, uma estudante que se recusou a dar o nome de sua família.
A Suprema Corte da Espanha considerou nove políticos e ativistas culpados de sedição na segunda-feira e os condenou a até 13 anos de prisão.
Milhares fizeram barricadas no aeroporto na segunda-feira, cancelando voos e deixando turistas retidos. Na quarta-feira, quase 100 pessoas ficaram feridas em toda a região, enquanto carros e latas de lixo foram incendiados durante a noite.
A independência é uma questão altamente divisória que polariza a região rica e inflama o sentimento político no restante da Espanha. Nem aqueles que desejam se separar da Espanha nem os que defendem a unidade constituem uma maioria na população da região.
Líderes pró-independência organizaram um referendo proibido em 2017 e declararam que estavam se separando da Espanha. O governo espanhol imediatamente assumiu o controle da administração catalã e os líderes foram julgados.
Os distúrbios ocorrem em um momento crucial para o primeiro-ministro interino, o socialista Pedro Sánchez, uma vez que ele se prepara para a quarta eleição do país em quatro anos em 10 de novembro.
A oposição de direita pediu uma repressão mais vigorosa ao governo regional pró-independência.
A Catalunha deve realizar uma nova votação sobre a independência da Espanha dentro de dois anos, disse o chefe do governo da região na quinta-feira em um novo desafio para Madri.
Discursando no Parlamento catalão, o chefe regional pró-independência Quim Torra criticou os tumultos, dizendo que a causa separatista é um movimento pacífico.
Mas ele também defendeu o avanço do movimento secessionista, ao afirmar que as sentenças de prisão contra separatistas não impediriam uma nova votação sobre a independência. “Voltaremos às urnas novamente por autodeterminação", declarou.
A prefeitura de Barcelona informou que 400 contêineres de lixo foram incendiados na quarta-feira e estimou que a cidade sofreu danos que totalizam mais de 1 milhão de euros em dois dias. Alguns moradores da cidade condenaram os distúrbios.
"Isso não representa a maioria dos catalães, seja qual for o lado deles, seja pró-constituição ou pró-independência", disse Joan, um pequeno empresário de 50 anos.