MELBOURNE (Reuters) - Muito menos lama do que o inicialmente estimado vazou da barragem com rejeitos de minério de ferro que se rompeu na cidade mineira de Mariana em novembro, quando 17 pessoas morreram, informou nesta sexta-feira a anglo-australiana BHP Billiton, uma das proprietárias da Samarco, empresa responsável pela barragem.
Análises feitas por meio de satélites mostraram que cerca de 32 milhões de metros cúbicos de lama foram liberados no Rio Doce, afirmou a BHP, citando informações da Samarco, uma joint venture da mineradora com a brasileira Vale.
"A quantidade de rejeitos despejada é assim significativamente menor do que algumas estimativas iniciais, que apontavam mais de 50 milhões de metros cúbicos", disse a BHP.
As estimativas iniciais sugeriam que os rejeitos de minério seriam capazes de preencher mais de 20 mil piscinas olímpicas.
O comunicado da Samarco ocorre um dia depois de a presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Marilene Ramos, ter afirmado que o órgão verificou uma mancha no oceano perto do sul da Bahia, em área próxima ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, local com maior biodiversidade de corais do Atlântico.
De acordo com a presidenta do Ibama, a mancha de lama, que pode estar associada ao desastre de Mariana, vinha se espraiando no último mês para o sul do litoral do Espírito Santo, mas, nos últimos dois dias, devido às fortes chuvas na área, passou a se espalhar também na direção norte do Estado, segundo a Agência Brasil.
A confirmação de que a mancha perto de Abrolhos teria relação com o desastre ambiental deve ser obtida por meio de testes, cujos resultados serão divulgados em até dez dias.
O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, deixou centenas de pessoas desabrigadas no pior desastre ambiental do Brasil. O governo brasileiro busca o ressarcimento de 20 bilhões de reais (5 bilhões de dólares) em danos e quer responsabilizar a BHP e a Vale por qualquer valor que a Samarco não seja capaz de arcar.
O relatório mais recente da Samarco ressalta que cerca de 85 por cento da lama ficou retida a uma distância de 85 km da barragem rompida, e que foram encontrados peixes vivos no Rio Doce em meio aos esforços de recuperação, ao longo dos 670 km percorridos pelo rio até alcançar o mar.
"Eles foram capazes de detectar peixes vivendo em áreas afetadas pela turbidez, assim como em afluentes do Rio Doce não afetados", disse a BHP.
As companhias responsáveis pelo abastecimento de água também conseguiram tratar a água do rio para que se tornasse apropriada ao consumo e o uso na indústria e na agricultura, enquanto a Samarco e outras companhias trabalhavam para limitar o dano causados pelos sedimentos às hidrelétricas instaladas no Rio Doce.
(Reportagem de Sonali Paul)